Texto lúcido e importante para esclarecer minha pergunta. Muito obrigado, Júnior. Bom saber que, apesar de, Buenos Aires continua pulsante. "é um exercício extenuante estar politicamente ativo num mundo que quer afogar qualquer força nadando em sentido contrário à essa corrente de horror." O horror aqui continua forte, como um seita, mas prossigamos na peleja. Abraço.
Nas palavras de Leopoldo Rassier, gaúcho comunista, "não podemo se entregar pros home"! Força na peleia pra todos nós. Eles precisam dar sorte todas as vezes, nós só precisamos de uma.
Estive na Argentina em novembro do ano passado. E cheguei em B. Aires justo no dia da posse do Milei, por sorte só às 20h, depois do evento. Conversei com muita gente sobre o contexto político, sendo que a maioria dos que falaram comigo votou no Milei. Conversei com gente de 25/30 anos, classe média, gente de 50/60/70, autônomos empobrecidos -- um deles votou no Milei na esperança de que seu filho não precise emigrar num futuro próximo --, com jovens (e nem tão jovens) garçons de dois restaurantes e de um café, além de com uma guia da biblioteca nacional, super culta e claramente engajada, mulher trans de mais de 40 anos que aposto que votou na Myriam Bregman. E é impossível discordar de tudo o que você conta sobre as diferenças entre o voto no Milei e o voto no Bozo. Lá o cansaço era evidente, gerações que não conhecem nada além do kirchnerismo e para quem qualquer coisa diferente das crises e do empobrecimento que viveram durante esse período parecia melhor. Com muito tato falei do meu receio de que acabassem vivendo comandados por alguém muito parecido com o Bozo, ou seja mentiroso, medíocre, incapaz de montar uma equipe de governo razoável, embora de retórica menos tosca do que a do ex-capitão, e torcendo -- embora sem esperança nenhuma -- para que não sofressem pelos próximos anos como nós sofremos por aqui desde o Temer e com as consequências da política de terra arrasada e de pilhagem do governo Bozo. Enfim, B. Aires é lindíssima e foi duro ver nela tanta população de rua, bem diferente da minha primeira experiência por lá nos anos de Alfonsín. Parecia estar em Copacabana, só que sem os olhos em certa medida anestesiados para poder lidar com décadas de pobreza no Estado do Rio de Janeiro, que pouco melhoraram com os diferentes (e incompetentes) governantes locais.
Maravilhosa a análise. Também pensava que existia essa diferença, justamente pela questão da crise extrema que a Argentina vive. Em 2011/2012, uma amiga morava em B.Aires e me contava que a população vivia muito mal.
No Brasil foi forjada uma crise que justificasse o golpe como uma salvação da pátria.
que a chuva não demore a passar! 🙌
ojalá que mañana sea bonito!
obrigado, pedro!
parabéns. não prometeu nada mas entregou uma história, que, se não concatenada, explica e faz sentido.
obrigado, alessandra! <3
Texto lúcido e importante para esclarecer minha pergunta. Muito obrigado, Júnior. Bom saber que, apesar de, Buenos Aires continua pulsante. "é um exercício extenuante estar politicamente ativo num mundo que quer afogar qualquer força nadando em sentido contrário à essa corrente de horror." O horror aqui continua forte, como um seita, mas prossigamos na peleja. Abraço.
sim, jamais parar. obrigado samuel, por inspirar este texto e pela leitura!
Nas palavras de Leopoldo Rassier, gaúcho comunista, "não podemo se entregar pros home"! Força na peleia pra todos nós. Eles precisam dar sorte todas as vezes, nós só precisamos de uma.
Parabéns pelo texto, Júnior!
é isso aí, não podemos se entregar pros home nunca. obrigado, henrique!
Estive na Argentina em novembro do ano passado. E cheguei em B. Aires justo no dia da posse do Milei, por sorte só às 20h, depois do evento. Conversei com muita gente sobre o contexto político, sendo que a maioria dos que falaram comigo votou no Milei. Conversei com gente de 25/30 anos, classe média, gente de 50/60/70, autônomos empobrecidos -- um deles votou no Milei na esperança de que seu filho não precise emigrar num futuro próximo --, com jovens (e nem tão jovens) garçons de dois restaurantes e de um café, além de com uma guia da biblioteca nacional, super culta e claramente engajada, mulher trans de mais de 40 anos que aposto que votou na Myriam Bregman. E é impossível discordar de tudo o que você conta sobre as diferenças entre o voto no Milei e o voto no Bozo. Lá o cansaço era evidente, gerações que não conhecem nada além do kirchnerismo e para quem qualquer coisa diferente das crises e do empobrecimento que viveram durante esse período parecia melhor. Com muito tato falei do meu receio de que acabassem vivendo comandados por alguém muito parecido com o Bozo, ou seja mentiroso, medíocre, incapaz de montar uma equipe de governo razoável, embora de retórica menos tosca do que a do ex-capitão, e torcendo -- embora sem esperança nenhuma -- para que não sofressem pelos próximos anos como nós sofremos por aqui desde o Temer e com as consequências da política de terra arrasada e de pilhagem do governo Bozo. Enfim, B. Aires é lindíssima e foi duro ver nela tanta população de rua, bem diferente da minha primeira experiência por lá nos anos de Alfonsín. Parecia estar em Copacabana, só que sem os olhos em certa medida anestesiados para poder lidar com décadas de pobreza no Estado do Rio de Janeiro, que pouco melhoraram com os diferentes (e incompetentes) governantes locais.
acho que é um sentimento real e cada vez mais comum por aqui. obrigado ricardo, querido, pelo comentário!
eu sei que é um texto sério, político, mas você escreve de uma forma tão engraçada, best kkk eu morri com o picolé de bosta
hahahahaha, é o meu jeitinho, best
Excelente texto. Gostei da análise concreta de quem vive a realidade.
gracias rodrigo!
Maravilhosa a análise. Também pensava que existia essa diferença, justamente pela questão da crise extrema que a Argentina vive. Em 2011/2012, uma amiga morava em B.Aires e me contava que a população vivia muito mal.
No Brasil foi forjada uma crise que justificasse o golpe como uma salvação da pátria.
Um beijo, Ju!
obrigado ludi, um super beijo!
O mais assustador de tudo isso é saber que não tem para onde correr. Não há um paraíso ou um pedaço de terra para fugir e se livrar desse vírus.
Eu fico muito preocupada com o que restará de mundo para minha filha viver.