18 Comentários
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Avatar de Emmanuel do Valle

Entendo, sei bem o que é isso. Faz uns 10 anos eu escrevi no Facebook (no tempo em que eu ainda usava o Facebook) sobre algo parecido que me ocorria e ocorre ainda.

Quem é de fora do estado do Rio e me escuta falando logo comenta: "Você fala igual carioca" (oi? mas tudo bem...).

Já o pessoal do Grande Rio quando me escuta falando, a primeira pergunta é sempre "você é de onde?".

Eu fico confuso.

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Avatar de Júnior Bueno

esse não ser nem de lá nem de cá dá um nó na cabeça mesmo, né? um abraço, querido!

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Avatar de Raisa Monteiro Capela

Que texto bonito, Junior!

Acho que você poderia responder exatamente esse trechinho do final para todo mundo que questionar sua tonada.

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Avatar de Júnior Bueno

oieeee, obrigado raisa <3

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Avatar de Andreza Almeida

Bonito demais!

Obrigada pela edição!

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Avatar de Júnior Bueno

obrigado andreza, um beijão.

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Avatar de Luís Antônio Albiero

Por aí também tem disso?

Na minha cidade, Capivari, acostumei-me desde menino a ser perguntado de modo parecido, embora não envolvesse nacionalidade, mas o berço local mesmo.

"Gente de quem você é?", é a pergunta que se faz até hoje.

Eu cresci ouvindo e respondendo, "sou gente dos Albiero" -- minha família não é grande na cidade, nem gente de poder, mas o sobrenome é comum. Os Albiero migraram da Itália na segunda metade do século XIX e um ramo veio para cá, especialmente para o território que hoje pertence ao município de Rafard, então distrito de Capivari. Em Rafard, a família é mais numerosa e dali muitos migraram para Porto Feliz, depois Sorocaba.

Um dia, porém, eu já advogando de longa data, ouvi de um cliente gaúcho uma queixa que, para mim, foi inusitada. "Esta cidade é muito preconceituosa. A primeira pergunta que me fizeram, quando cheguei, foi 'você é gente de quem'?".

Eu estranhei, pois para mim só se tratava de curiosidade acerca da família a que o sujeito pertencia. Nunca vi maldade nisso.

Depois dele, surgiram outros, e outros, e então eu me dei conta de que a pergunta, se do ponto de vista do seu autor, era só expressão de curiosidade para identificar o pertencimento do outro, aos não acostumados soava como preconceito, mesmo. Do tipo, se você não é "gente daqui", não é um cidadão digno de estar aqui...

"Gente de quem", aqui, virou sinônimo de gente "de bem", ou "de bens", dos bem nascidos.

Talvez seja exagero, mas é esse o sentimento, ao menos dos que vêm de fora.

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Avatar de Júnior Bueno

luís, é bem complexo isso de "ser" de algum lugar, ter uma origem, porque vamos nos moldando também pelo que vamos conhecendo e por onde passamos, não é? adorei seu comentário, muito obrigado!

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Avatar de pedro rabello

a gente é sempre um somatório dos muitos lugares por onde passa e das pessoas com quem interage...

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Avatar de Júnior Bueno

pois é, difícil escolher só um lugar para "ser". obrigado, pedro!

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Avatar de Roberta Assumpção

Lindo lindo

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Avatar de Júnior Bueno

obrigado, roberta! <3

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Avatar de Ludmila Primo

que linda edição, Ju!!

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Avatar de Júnior Bueno

obrigado, ludi, um beijão!

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Avatar de Fábio De Nittis

Eu até entendo as pessoas perguntarem de onde sou, ainda que nao mude nada pra elas, pela curiosidade. Inclusive eu também fazia isso quando morava em Sao Paulo e encontrava algum estrangeiro. O problema é que quando todo mundo faz isso a gente escuta as mesmas perguntas (e histórias das férias nas praias brasileiras que nem conheco) pelo menos 1 vez por semana. No meu caso, faz 11 anos que venho escutando. E uma hora cansa. Às vezes queria nao ter tonada nao pra parecer o que nao sou, mas pra nao ser considerado diferente, pra passar como apenas mais um no meio da multidao. Como acontece em Sao Paulo, minha cidade natal. É uma das coisas que mais gosto quando estou lá: nao ser visto como diferente.

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Avatar de Júnior Bueno

acho que é esse o ponto. no começo a gente acha legal, fofo. depois é só cansativo. porque tem dia que meu espanhol tá no grau e aí as pessas duvidam um pouco se sou venezuelano ou colombiano (porque meu espanhol tem um pouco de argentino, um pouco de colombiano do meu marido e de venezuelano das minhas melhores amigas). mas no meu normal, nos dias em que eu tô cansado e nem elaboro, só saio falando, é totalmente sotaque de brasileiro, um passo apenas adiante do portunhol. dependendo de como vem a pergunta eu acho ok, mas com o tempo aprendi a ver quando ela tem um tom meio rude. e aí, nem faço questão de responder com frases completas. é só "vivo acá hace mucho, pero soy de brasil", mais seco mesmo.

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Avatar de GAL

Que texto lindo!

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Avatar de Júnior Bueno

obrigado, gal! <3

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