Meu primeiro contato com a voz de Nana Caymmi, quando eu era bem pequeno, foi justamente numa composição do Aldir Blanc, "Siameses", em que ela dueta com João Bosco, parceiro mais prolífico de Aldir. A canção está no LP "Comissão de Frente", de João, lançado em 1982 - é o que tem "Nação", "A Nível De...", "Coisa Feita", "Querido Diário", "Viena Fica na 28 de Setembro", a faixa-título e tantas músicas maravilhosas.
"Siameses" é uma letra deliciosamente mordaz sobre aqueles casais que envelhecem juntos e se detestando pela vida afora. Canta Nana:
"Vivo grudada em ti, gerando a pedra em meu ventre de ostra
Conservas o fulgor do nosso ódio estreitando a velha concha
Amigo inseparável, eu sou teu acaso e por acaso tu és minha sina
Somos sorte e azar, eu sou tua relíquia, tu és minha ruína"
Aldir Blanc é, junto com Antônio Cícero, o meu letrista preferido da música brasileira. De universos e estilos muito distintos, acabam se complementando como um retrato do Rio de Janeiro. Antônio Cícero é tipicamente Zona Sul: um professor universitário de Filosofia frequentando a praia e o bar da moda no Baixo Gávea/Leblon. Já Aldir fica ali entre o Estácio e a Tijuca, a dita "Zona Sul da Zona Norte", um bairro que já foi paraíso da classe média, mas decaiu muito de algumas décadas pra cá. Aldir é, nessa encruzilhada, lírico e boca-suja, requintado e popular, barroco e curimbeiro. Mestre das crônicas do cotidiano, sobretudo suburbano, e das rimas improváveis.
Sou muito grato aos meus pais por ter tido a sorte de crescer com a obra dos dois - e a voz de Nana - muito presentes. Mas triste que nem Aldir, nem Cícero, nem agora Nana estejam mais entre nós.
essa música realmente… que joia! e que voz tinha nana!
A voz da Nana é realmente única. Gostei dos adjetivos que você usou! Combinaram demais!
essa música é muito linda e ficou num nível absurdo de maravilhosidade na voz de Nana. É dela e só dela. Ninguém mais pode cantá-la.
um beijo.
Meu primeiro contato com a voz de Nana Caymmi, quando eu era bem pequeno, foi justamente numa composição do Aldir Blanc, "Siameses", em que ela dueta com João Bosco, parceiro mais prolífico de Aldir. A canção está no LP "Comissão de Frente", de João, lançado em 1982 - é o que tem "Nação", "A Nível De...", "Coisa Feita", "Querido Diário", "Viena Fica na 28 de Setembro", a faixa-título e tantas músicas maravilhosas.
"Siameses" é uma letra deliciosamente mordaz sobre aqueles casais que envelhecem juntos e se detestando pela vida afora. Canta Nana:
"Vivo grudada em ti, gerando a pedra em meu ventre de ostra
Conservas o fulgor do nosso ódio estreitando a velha concha
Amigo inseparável, eu sou teu acaso e por acaso tu és minha sina
Somos sorte e azar, eu sou tua relíquia, tu és minha ruína"
Aldir Blanc é, junto com Antônio Cícero, o meu letrista preferido da música brasileira. De universos e estilos muito distintos, acabam se complementando como um retrato do Rio de Janeiro. Antônio Cícero é tipicamente Zona Sul: um professor universitário de Filosofia frequentando a praia e o bar da moda no Baixo Gávea/Leblon. Já Aldir fica ali entre o Estácio e a Tijuca, a dita "Zona Sul da Zona Norte", um bairro que já foi paraíso da classe média, mas decaiu muito de algumas décadas pra cá. Aldir é, nessa encruzilhada, lírico e boca-suja, requintado e popular, barroco e curimbeiro. Mestre das crônicas do cotidiano, sobretudo suburbano, e das rimas improváveis.
Sou muito grato aos meus pais por ter tido a sorte de crescer com a obra dos dois - e a voz de Nana - muito presentes. Mas triste que nem Aldir, nem Cícero, nem agora Nana estejam mais entre nós.
Uma música linda, um texto lindo, viva Nana e a música popular do Brasil ✨
Seu lindo.
Que edição linda Júnior!!