livros que salvaram a minha vida
#146 - salvar, salvar mesmo não salvaram, mas é que um texto chamado "meus livros preferidos" não vai render muitos cliques, né?
olá vocês!
nesta semana esta newsletter completou três anos no ar (parabéns pra nós!) e se você está aqui há mais tempo, sabe que no ano passado, nesta mesma data, eu fiz uma lista com 42 das minhas músicas preferidas. a edição foi um sucesso entre meus cinco ou seis leitores e eu fiquei pensando no que fazer para este ano. decidi criar uma tradição: todo ano, mais ou menos nesta época de janeiro, eu vou publicar um listão. e o número é sempre a idade que eu vou completar no ano em questão (não faz o menor sentido esta escolha, mas finjam que sim).
para este segundo especial, eu fiquei pensando 43 o quê? filmes? lugares? sabores de jujuba? antes que minha caspa virasse mandiopã de tanto pensar, eu decidi que seriam livros. porque não existem tantos sabores de jujuba no mundo, não visitei tantos lugares e teria muito trabalho para escolher os filmes (quem sabe ano que vem?). então, sem mais delongas, vamos à lista.1
43 livros que formaram meu caráter
cem anos de solidão (gabriel garcia marquez) - para dizer "gracias a dios nasci en latinoamerica" .
o deus das pequenas coisas (arundhati roy) - para ver que não é só a minha família que é complicada.
20 poemas de amor e uma canção desesperada (pablo neruda) - para ficar com vontade de me apaixonar de novo, e de novo, e de novo.
uma aprendizagem ou o livro dos prazeres (clarice lispector) - para descobrir beleza na vida cotidiana.
quarto de despejo (carolina maria de jesus) - para tomar um soco de realidade.
pé na estrada - on the road (jack kerouac) - para jogar o meu corpo no mundo.
o escaravelho do diabo (lúcia machado de almeida) - porque é o melhor livro da coleção vagalume.
vastas emoções, pensamentos imperfeitos (rubem fonseca) - pra se arrepiar com um romance noir 100% brasileiro.
a tenda vermelha (anita diamant) - para descobrir as histórias que o patriarcado não conta.
laranja mecânica (anthony burgess) - para abrir os olhos para a loucura do mundo.
ensaio sobre a cegueira (josé saramago) - para abrir os olhos para a miséria do mundo.
meu livro de cordel (cora coralina) - para abrir os olhos para toda a beleza que persiste do mundo.
um rio chamado tempo, uma casa chamada terra (mia couto) - para descobrir que dá para escrever poesia como se fosse prosa.
a revolução dos bichos (george orwell) - porque ensina mais sobre política que qualquer tratado.
o menino maluquinho (ziraldo) - para voltar a ter sete anos, com macaquinhos no sótão e o olho maior que a barriga.
americanah (chimamanda ngozi adichie) - para conhecer um pouco mais a áfica, nosso continente mãe.
a casa dos budas ditosos (joão ubaldo ribeiro) - porque livro sobre sexo tem que ser tesudo e bem escrito.
dom casmurro (machado de assis) - porque machado é o maioral da lingua portuguesa.
os maias (eça de queiroz) - porque machado é o maioral da lingua portuguesa, mas o eça vem logo depois.
a alma imoral (nilton bonder) - para aprender a conviver com a minha própria escuridão.
macunaíma (mário de andrade) - porque a literatura brasileira também pode ser divertida e anárquica.
a cor púrpura (alice walker) - porque eu não sabia que se podia contar uma história através de cartas.
o amor acaba (paulo mendes campos) - para amar uma boa crônica, a melhor coisa que o brasileiro inventou.
a insustentável leveza do ser (milan kundera) - para desaprender sobre o amor que nos ensinaram a vida inteira.
o caçador de pipas (khaled hosseini) - pra chorar que nem um condenado.
grande sertão: veredas (graciliano ramos) - para ler cada dia um pouquinho e só assim suportar o inferno que foi a quarentena.
a sangue frio (truman capote) - para morrer de raiva porque jamais serei um jornalista literário tão bom.
antes que anoiteça (reinaldo arenas) - foi a primeira vez que li um relato de um homem gay em primeira pessoa e me senti compreendido.
marcelo, martelo, marmelo e outras histórias (ruth rocha) - porque é o melhor livro para crianças já escrito, apenas por isso.
o velho e o mar (ernest hemingway) - porque é um tratado sobre o poder da perseverança perante uma adversidade.
o apanhador no campo de centeio (j.d. salinger) - para voltar a me sentir como um adolescente, com a vida toda pela frente.
a arca de noé (vinícius de moraes) - porque do primeiro livro a gente nunca esquece.
eu, christiane f., 13 anos drogada e prostituída (kai hermann e horst hieck) - do livro que a gente lê às escondidas, também não tem como esquecer.
o olho da rua (eliane brum) - porque jornalismo também pode ser literatura e eliane é a maior prova disso.
esperando godot (samuel beckett) - para descobrir que dá para se conectar com coisas que parecem não fazer o menor sentido.
as viagens de gulliver (johnatan swift) - para gostar de histórias cheias de aventuras e descobertas.
histórias extraordinárias (edgar allan poe) - para aprender que o sobrenatural também pode ser muito divertido.
o mágico de oz (l. frank baum) - porque a fantasia me salvou de uma realidade nem sempre tão alegre e colorida.
o jogo da amarelinha (julio cortazar) - para bugar a cabeça e perguntar como alguém é capaz de escrever algo tão intricado?.
os dragões não conhecem o paraíso (caio fernando abreu) - porque o caio fernando abreu era tudo que eu queria ser aos 20 anos.
o ano do pensamento mágico (joan didion) - porque a joan didion é tudo que eu quero ser hoje em dia.
o segredo de joe gould (joseph mitchell) - porque quando bem contada, até mesmo a história mais banal é extraordinária.
alta fidelidade (nick hornby) - pra ficar para sempre fissurado em cultura pop (e listas).
tríade, trinômio, trindade…
caramba, já se vão três anos que toda semana eu bato ponto no seu e-mail contando alguma história, dividindo algum segredo ou apenas falando bobagens sobre absolutamente qualquer assunto. obrigado de verdade por ser parte desta coisa que eu criei, mas só tem sentido quando chega até vocês. obrigado por tirar uns minutos para ler, a quem tem a gentileza de ir até o site e curtir, comentar, compartilhar. apesar do objetivo incial de um escritor, que é sacar da cabeça essa vozinha chata falando “você tem que escrever sobre isso, vai escreve”, a gente quer e precisa ser lido.
então, mais uma vez muito obrigado. e se você quer me ajudar a chegar a mais pessoas, não precisa pagar nada, é só compartilhar o texto com os amigos, a família, o grupo de condomínio no whatsapp. comente, dê aquele like maroto e se não for pedir muito, você pode também responder o formulário da newsletter para eu saber mais sobre você e o que você gostaria de ver por aqui.
até a semana que vem, um beijão!
júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor dos livros a torto e a direito e cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponíveis em e-book na amazon.
sem nenhuma ordem específica porque eu não poderia escolher o que viria antes do que.
Achei uns 10 dos meus preferidos aí. "O Ano do Pensamento Mágico", tão triste e tão lindo, puta merda, que mulher foda.
Adorei a lista.
Ainda não li Cem Anos de Solidão, acredita? Está na estante para ser lido este ano. Me recuso a ver a série antes.
Na adolescência "Escaravelho do Diabo" me marcou taaaaaaaantooooo, assim como "A Droga da Obediência, do Pedro Bandeira". Meu filho vai ler na escola no ano que vem e eu já estou esperando para ler juntos. Hahaha