coisas que aprendi no tiktok, check!
musas, peru, galinha da angola, laboratório, copo americano e mais um par de coisas que você pode aprender entre uma dancinha e uma dublagem
oi gente!
é real: me converti à religião do tiktok. todos os dias tiro um tempinho antes de dormir para dar uma roladinha de tela em busca de limpar o cérebro da dureza que foi o dia. o bom deste app pra mim é que ele é meio uma válvula de escape. o pau pode estar torando aqui fora, que ali ele vai te esperar com dancinha, dublagem, humor duvidoso e tutorial. nada de break news, vamos deixar pra militar no twitter e sofrer ansiedade no instagram. no teco teco é só alegria. quer dizer, tem também os infalíveis canais de curiosidade que entregam muito sem ao menos prometer. reuni aqui, algumas das coisas que eu nunca desconfiei, mas agora posso jogar numa mesa de boteco e passar por inteligente. vem comigo!
a grécia antiga tinha uma mitologia muito vasta e haviam divindades responsáveis por cantar as jornadas e feitos heróicos dos deuses. eram as chamadas musas, nome que originou a palavra música. elas também inspiravam as artes e ciência, daí a expressão “musa inspiradora”. já no império romano, havia o costume de fazer estátuas para os deuses e guardá-las em templos e lugares públicos, e com o passar do tempo, passaram a chamar esses lugares onde haviam manifestações de arte de… museu.
desde que a humanidade existe, ela está atrelada ao trabalho, do latim tripalium, um instrumento de tortura. ou seja, trabalhar nunca foi um grande prazer para ninguém. tanto que outra palavra para designar trabalho é labor, que no grego significa tanto trabalho quanto cansaço físico e dor. e vem daí também colaborar, que é trabalhar em conjunto. e quando o trabalho deixou de ser físico e passou a ser intelectual, ele passou a ser feito no… laboratório.
na angola, as galinhas da angola são chamadas de fraca, galinha do mato ou capota.
no peru, o peru não se chama peru. a ave se chama pavo em espanhol. o peru é um caso engraçado, já que nenhum país parece saber a sua origem. nos estados unidos é turkey (turquia) e na turquia é hindi, porque pensam que vem da índia. em vários países árabes ele se chama dick romi, algo como “galo da romênia”. na malásia o chamam de frango holandês e no camboja, de frango francês. enquanto isso na europa, grande parte dos países também apostam na índia, que por sua vez, o chamam de turkey.
por incrível que pareça, os brasileiros e portugueses são os que chegam mais perto, já que o peru (a ave) é nativo da américa do norte. pelo menos está no mesmo continente, né. os portugueses pensavam que vinha do peru, que naquela época era como era conhecida toda a parte espanhola da américa do sul. já que eles não falavam a língua dos nativos e tomavam a palavra guarani biru, que significava rio. quando os espanhóis ofereceram para os portugueses um pássaro feião mas muito gostoso, logo eles deduziram que vinham do tal peru. com o tempo, vários territórios declararam independência e o que era um peruzão acabou virando um peruzinho.
o tupi dá nome a alguns dos estados brasileiros: o paraná, que deriva do termo paranam, que pode significar “mar” ou “rio grande”; já pernambuco deriva de paranambuka, sendo pa’ra a’nam (mar) e pu’ka (buraco), ou seja, um buraco do mar; a paraíba vem da junção do tupi ‘pa’ra’ com ‘a’iba’, que significa ‘ruim, impraticável para a navegação’. o nome foi inicialmente dado ao rio e depois ao estado; sergipe vem do tupi ‘si’ri-ï-pe’, que significa rio dos siris; e tocantins é uma referência ao rio que corta o estado de sul ao norte. é um termo oriundo do tupi antigo, onde significa bicos de tucano, através da junção dos termos tukana e tim.
o copo americano é brasileiríssimo como o samba e a cachaça. foi criado em 1947 pelo empresário nadir figueiredo (sim, nadir é um homem, fomos enganados toda a vida). nadir começou no ramo do conserto de máquinas de escrever e caixas registradoras. quando abriu uma fábrica de copos de vidro com os irmãos, ele mandou trazer dos estados unidos as máquinas para a fabricação. daí vem o nome do copo, apesar de que o desenho criado por eles é 100% original e pensado para os hábitos brasileiros. por isso o copo americano é tão a nossa cara, sendo perfeito tanto pra uma cervejinha gelada quanto para um nescau quentinho.
no cinema, existe uma norma para escrever roteiros, que é usar sempre a fonte courier tamanho 12. isso porque é a que mais se parece com as usadas nas máquinas de escrever com que os roteiros eram escritos antigamente. essa norma tem uma razão de ser. em cinema, o tempo é extremamente importante. ás vezes para filmar um minuto de película pode custar uma diária inteira de trabalho, com todos os custos que isto implica. e o que a letra do roteiro tem a ver com isso? há uma convenção de que cada página do roteiro corresponde a um minuto de filme. e na courier, todas as letras ocupam o mesmo tamanho de espaço na folha, padronizando o texto e, portanto, o tempo de um filme.
TOP 10
meu tipo de conteúdo preferido no tiktok
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curiosidades sobre buenos aires
video-cassetada com animais
qualquer coisa relacionada a supermercados
gringos reagindo a coisas brasileiras
cortes de entrevistas antigas do jô
organização de prateleiras
limpeza de coisas muito sujas
gente de meia idade dançando passinhos dos anos 90
receitas em idiomas que desconheço
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
esse é 100% meu conteúdo, especialmente de etimologia, história e cinema.
inclusive capote é como minha família, do lado cearense, chama galinha d'Angola! eles vieram pra São Paulo há muito tempo, não sei se ainda hoje se chama assim por lá.
1) Como assim Nadir Figueiredo é homem? Eu me lembro vivamente de uma propaganda antiquíssima dos copos onde havia uma festa e tal, e no fim a voz em off dizia "DA Nadir"! Tudo bem, o artigo feminino pode se referir à empresa. Mas que a gente ficou com a ideia de Nadir ser uma mulher, ah, ficou...
2) A origem tupi dos nomes de localidades no Brasil é bastante abrangente. Itaperuna, a cidade onde cresci, é uma delas. O engraçado é que o significado que eu aprendi ainda molequinho na escola, nas aulas de Estudos Sociais no Colégio Estadual 10 de Maio, era "caminho da pedra preta" (ita = pedra, pir = caminho, una = preta). Mas parece que recentemente a interpretação mudou: algumas fontes dizem ser "pedra erguida escura", porque a partícula do meio seria "byr" (= erguida) e não "pir". Fiquei em choque.
3) Essa dos roteiros eu sabia. Convivi muito tempo com estudantes de cinema, né? (solta o emoji marrento de oclinhos escuros).