alguém me explica?
#93 - julia roberts rodando na pista, hugh grant nas quatro estações, a cor do ano, as músicas que eu mais ouvi no spotify e a madonna no comercial do itaú
olá vocês
não sei quem disse que a ignorância é uma bênção, e só o fato de eu ignorar a autoria da frase já diz muito sobre o quão cretina ela é. a ignorância é, na minha opinião, uma bela bosta. imagina, aprender e conhecer coisas novas todos os dias é maravilhoso, uma arma poderosa nesse mundo minado de desinformação.
em termos, eu entendo que, com a quantidade de más notícias com que somos bombardeados todos os dias, a sensação crônica é de que todo esse desastre socio-político e ambiental em que nos afundamos não vai passar nunca. logo, não querer saber de nada parece um alívio, um bálsamo, um refresco. entendo. no entanto, tudo no mundo é aprendizado e todo saber é válido, mesmo o que consideram fútil. sim, esses dois parágrafos todos foram pra defender a cultura inútil, a sabedoria de almanaque, a palestrinha de botequim.
não sei vocês, mas eu tenho alguns temas em particular em que eu aprofundo por puro prazer de saber cada vez mais. por exemplo, sei tudo sobre o jim morrison, a revista playboy no brasil, novela antiga, a vida dos santos, true crimes brasileiros famosos, tipo ângela diniz, bastidores da mpb, entre outros temas de vital importância para a vida em sociedade.
e sobre alguns filmes eu simplesmente sei tanto quanto os próprios produtores: a noviça rebelde, forrest gump, de volta para o futuro, bonequinha de luxo. não sei como ocorre, mas quando eu vejo, já devorei tudo que existe sobre aquele filme, making offs, o roteiro, web docs, críticas, depoimentos, tudo. quanto mais eu sei, mais eu quero saber. pra quê? pra nada só pra saber que eu sei mesmo, ué. quem disse que tudo tem que ter uma razão objetiva?
atualmente meu filme-obsessão é erin brockovich - uma mulher de talento. (aliás, que subtítulo mequetrefe eles arranjaram em português). eu tinha visto esse filme há uma década ou mais, mas não lembrava era de nada. como eu sou religioso fiel do sorriso da júlia roberts, foi só o filme estacionar na vaguinha dele na netflix eu fui conferir.
amo filme baseado em história real. são duas horinhas de filme e semanas de pesquisa pra saber o que é real e o que é inventado no roteiro. não que eu me importe muito com licenças poéticas necessárias para que a história caiba num roteiro. desde que não desrespeite o homenageado, a gente aceita de bom grado que a atriz mais bem paga da época era uma mãe solteira gente-como-a-gente desbocada e mal vestida. e ao que parece, o filme faz jus à história real.
mas o que tem me tirado o sono é a cena de abertura do filme, ali onde vão os créditos. é um plano-sequencia de um minuto e meio, não mais que isso. a gente vê a julia roberts parada numa calçada, depois ela caminha até seu carro, dá a volta pra entrar do lado do motorista, confere a unha lascada. abre o carro com a chave, entra, arranca e anda até o cruzamento mais perto. sem corte nenhum. quando o carro cruza, veja bem, sem cortes, ou seja com a julia roberts dentro do carro, outro carro vem e pá!, faz a lata velha da jú rodar na pista, sem dó.
e é aí que eu fico totalmente descaralhado das idéias: como é que filmaram isso? em que momento trocaram a júlia por um dublê ou um boneco? eles não iam deixar ela se machucar, né? será que em 2001 já tinham um gci tão avançado? Seria um grande investimento pra uma cena tão curta.
o mais correto é que sem que a gente perceba, tenham feito algum corte, mas tá muito bem feito. porque. a. cena. não. tem. cortes! por favor, esse texto é um apelo, se alguém puder assistir os primeiros minutos do filme e me explicar como é que fizeram, pelo amor de deus, me ajudem. porque eu já assisti essa cena um sem fim de vezes e até agora eu não decifrei. muito obrigado pela atenção e assistam erin brockovich.
ps: também daria tudo pra ver os bastidores desta cena de um lugar chamado nothing hill do hugh grant caminhando pela feira do bairro do título do filme passando por todas as estações do ano. os caras em vez de só colocar um letreiro dizendo “um ano depois”, montam um plano-sequência incrível, e depois ainda metem uma trílha linda (ain’t no sunshine, bill winthers) em cima. emfim, que filme charmoso.
mudando de assunto
tirando o fato de que eles conseguiram a madonna e a fernanda montenegro no mesmo comercial, não tem nada demais no comercial da madonna com a fernanda montenegro (e o ronaldinho, e a marta e o jorge ben jor) pro itau. é só um banco mostrando que tem dinheiro, e isso não é, sei lá, óbvio? não basta investir, tem que ser criativo.
gosto muito da editoria cor do ano da pantone, mas quase nunca essa cor "pega", já reparou? me lembro quando trabalhava em jornal a quantidade de releases de asessoria tentando emplacar seus clientes pra falar sobre decoração, moda, lingerie e até comida. teve um ano que foi o marsala, senhor, que cor feia e difícil pra criar qualquer coisa. tentaram muito fazer esse barro acontecer, mas ainda bem que não rolou.
acho que determinar qual vai ser a cor é mais uma jogada de marketing que tudo. normalmente a cor tem que se popularizar, sair em coleções de moda, ser usada pela rihanna e imitada por todo mundo pra depois alguém definir que aquela foi a cor do ano. (tirando a de 2021, que foi cinza e amarelo, mais moletom e desespero impossível, a cara da pandemia.) é mais fácil definir qual foi a cor de um ano ao final deste, que tentar definir a que todo mundo tem que usar porque uma sala de figurões definiram. a cor deste ano que acaba foi a viva magenta, mas se você for olhar todos os editoriais, vai ver que o rosa-barbie se sobressaiu em tudo.
dito isso, achei bem bonita a cor de 2024, peach fuzz.
a quem interessar possa, as 5 músicas mais tocada do meu spotify em 2023 foram: sangue latino (secos e molhados), garota nota 100 (mc marcinho), oração ao tempo (caetano veloso), nosso sonho (claudinho e buchecha) e dizem que sou louca (banda kitara). eu ouço pouca música que não seja em português (tem dancing on my own da robyn e la mia storia tra le ditta perdidas ali no meio das 20 mais). e muita música velha. a única desde ano que entrou no top 100 foi o bizarrap da shakira. por favor me mandem indicações de músicas desta década e em outros idiomas pra eu ver se o ano que vem a lista tá melhor. obrigado.
ontem, 10 de dezembro, cássia eller faria 61 anos. cássia foi a cantora que embalou meus 20 e poucos anos e uma morte que eu senti muito, como fã. em homenagem a cássia, o google pediu para a designer amanda lobos criar um doodle, que ficou bem bonitinho. aqui você confere o processo de criação do doodle e aqui, um pouco do trabalho de amanda.
júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
Adorei essa news!
E dancing on my own é uma das minhas obsessões musicais. Que música deliciosa! Me faz querer dançar como se não existisse nenhum problema na minha vida e no planeta Terra.