volta ao mundo em 10 comédias românticas
#163: uma lista de filmes românticos de diferentes países pra sair da mesmice hollywoodiana — e se apaixonar em outras línguas.
olá vocês!
às vezes a gente acha que já viu todas as comédias românticas possíveis. e aí o algoritmo insiste no mesmo filme da sandra bullock com o ryan reynolds. mas o mundo é grande, o amor é bagunçado, e fora de hollywood tá cheio de histórias românticas que fogem do óbvio - ou, pelo menos, dão um giro novo no clichê. a velha e boa comédia romântica anda combalida, mas ainda segue aí, nem tão firme, nem tão forte, mas ainda respira. pode ser que a era de ouro do gênero tenha passado e não lote mais as salas de cinema como outrora, mas eu posso apostar meu dvd de o casamento do meu melhor amigo que esse é o gênero preferido de muitos de vocês.
a gente sabe que esse é um gênero que os estados unidos aprimoraram desde o cinema mudo e nele reinaram os melhores roteiristas de humor, pelo menos os meus preferidos, como norah ephron, richard curtis e billy wilder. essa gente criou clássicos, estrelados por ícones do romance, como harry e sally, um lugar chamado nothing hill, sabrina, e simplesmente amor, que continuam a conquistar gerações. mas, porém, entretanto, contudo, hoje eu quero falar de rom-coms feitas em outras partes do mundo, de preferência em outras línguas.
criei uma lista de comédias românticas de 10 países que não os estragos unidos e o motivo é que eu queria indicar coisas que estivessem fora das listas de sempre. aqui tem de tudo: filme antigo e de outro dia, filme indie e mainstream, filme queer, filmes de continentes diferentes e em diferentes idiomas. até o brasil entrou na lista. tudo pra dizer que, tal como diz a canção, amor é uma coisa muito esplendorosa. e vale muito a pena viver e amar.
um amor inesperado (el amor menos pensado, dir: juan vera, argentina, 2018)
o cinema argentino tem sempre aquele humor mal humorado, cínico, mas no fundo cheio de ternura, né. aqui, marcos (ricardo darín) e ana (mercedes morán) estão juntos há 25 anos. quando o filho sai de casa para estudar fora, eles percebem que não sabem mais quem são sem a rotina de casal e decidem se separar. só que, na prática, descobrir o que se quer depois dos 50 pode ser bem mais complicado que preencher um perfil no tinder.
por que ver? porque é raro encontrar uma comédia romântica que fale de reinvenção afetiva na meia-idade com humor, afeto e um toque de psicanálise portenha. e pelo darin, obviamente!
o casamento de muriel (muriel’s wedding, dir: p.j. hogan, austrália, 1994)
se você só puder ver um filme desta lista, que seja este. eu não tenho como descrever com justiça quão extraordinário é este filme. muriel (toni collette) é uma jovem desajustada que vive em uma cidadezinha onde a maior emoção é falar mal dos outros. ignorada pela família e obcecada por casamentos (e pelo abba), ela mente, foge, se reinventa e descobre que às vezes o que a gente mais precisa é uma amizade verdadeira - e uma trilha sonora dançante.
por que ver? porque é um clássico do cinema australiano que combina humor ácido, crítica social e uma protagonista que conquista na marra. e, claro, porque ninguém resiste a “dancing queen”.
hoje eu quero voltar sozinho (dir: daniel ribeiro, brasil, 2014)
leonardo (guilherme lobo) é um adolescente cego que quer mais independência: andar sozinho, tomar decisões, viver sua vida. mas o que ele não esperava era que o novo colega de classe, gabriel (fábio audi), mexeria com seus sentidos de um jeito totalmente novo. é uma história bonita de descoberta, primeiro amor e libertação.
por que ver? porque é sensível, singelo e necessário. e mostra que crescer e se apaixonar - mesmo que a gente não saiba direito como ou por quem - é complicado e delicioso para todo mundo.
o fabuloso destino de amélie poulain (amélie, dir: jean-pierre jeunet, frança, 2001)
a fofura em forma de filme, não tem como não ser o representante francês. amelie (audrey tatou) vive em paris e inventa pequenos gestos para melhorar a vida das pessoas, mas esquece de olhar para a própria solidão. até que conhece alguém tão esquisito quanto ela, o fofo do nino (mathieu kassovitz). visualmente encantador, com trilha de yann tiersen e cores que parecem saídas de um sonho, o filme virou um ícone dos anos 2000.
por que ver? porque é poesia em forma de filme, porque depois de assistir, você vai querer reorganizar sua vida inteira e só para ter uma desculpa de visitar o bairro de montmartre.
ontem, hoje e amanhã (ieri, oggi, domani, dir: vittorio de sica, itália, 1963)
três histórias, três cidades italianas, uma dupla estonteante: sophia loren e marcello mastroianni. em cada segmento, eles vivem um casal diferente - da mulher que evita a prisão engravidando, à socialite entediada, até a prostituta que tenta manter um cliente religioso. é um desfile de charme, ironia e beleza.
por que ver? porque é cinema italiano no seu auge: sensual, espirituoso e absurdamente estiloso. um clássico que prova que amar (e provocar) é uma arte.
dança comigo? (shall we dansu?, dir: masayuki suo, japão, 1996)
tá bom que existe um remake com a jennifer lopez e o richard gere, mas o charme do original é imbatível, vai por mim. aqui, kōji yakusho interpreta um homem sério, funcionário exemplar e pai de família que vê sua rotina mudar quando começa a frequentar aulas de dança em segredo. entre passos desajeitados e descobertas silenciosas, ele encontra uma nova paixão, não por alguém, mas pela vida.
por que ver? porque é um filme sobre redescobrir o prazer de viver, com a elegância e a delicadeza típicas do cinema japonês. e porque todo mundo merece um foxtrote fora do expediente.
o amor gosta de coincidências (aşk tesadüfleri sever, dir: ömer faruk sorak, turquia, 2011)
prepare o lenço para este aqui: desde pequenos, deniz (belçim bilgin) e özgür (mehmet günsür) se esbarram pela vida como se estivessem sendo empurrados por um roteiro cósmico. quando finalmente se reencontram como adultos, o passado vem junto com suas dores, traumas e memórias. o filme brinca com o destino, com trilha sonora emocional e imagens lindas de ankara.
por que ver? porque é uma montanha-russa romântica à moda turca: cheia de intensidade, nostalgia e lágrimas.
todas as cores do amor (goldfish memory, dir: elizabeth gill, irlanda/reino unido, 2004)
em uma dublin contemporânea, homens e mulheres - héteros, gays, lésbicas - vivem histórias de amor, traição, recomeços e pequenas epifanias. o filme tem um jeitinho de série indie, com ritmo leve, personagens diversos e uma sensação gostosa de que o amor pode vir em qualquer formato. e a trilha sonora é uma coisa linda: clássicos da bossa nova cantados por demian rice e lisa hannigan. a versão de águas de março deles é uma fofura só.
por que ver? porque a vida real também é cheia de amores não convencionais, e ver isso no cinema com naturalidade ainda é um respiro.
quem quer casar com isoken? (isoken, dir: jadesola osiberu, nigéria, 2017)
aos 34 anos, isoken (dakore akande) é linda, bem-sucedida e… solteira. e isso é um problema para sua mãe, suas tias, suas vizinhas e praticamente toda a sociedade nigeriana. quando ela se vê dividida entre um pretendente “perfeito” (nigeriano, rico, tradicional) e um britânico branco e sensível, o dilema vira um delicioso conflito cultural.
por que ver? porque é uma comédia romântica africana moderna, que fala de identidade, amor e expectativas sociais com humor e de um ponto de vista feminino.
folhas de outono (kuolleet lehdet, dir: aki kaurismäki, finlândia/alemanha, 2023)
se você gosta de filme silencioso e contemplativo, este aqui é perfeito. duas almas solitárias se encontram no frio de helsinki. ansa (alma pöysti) trabalha num supermercado, holappa (jussi vanaten) é operário. ele bebe demais, ela gosta de música triste. ambos têm poucos recursos e são bastante introspectivos. e mesmo assim, o amor acontece, em silêncios, olhares e cafés esquecidos na mesa. é um filme com humor seco, estética retrô e um romantismo que se esconde atrás de olhares.
por que ver? porque aki kaurismäki prova que o amor pode acontecer até nos lugares mais frios, literal e emocionalmente. e porque a gente também ama um drama romântico que parece um vinil tocando devagar.
a lista fica por aqui, mas vocês podem dizer aqui qual é a sua comédia romântica favorita. vamos fazer uma lista de recomendação coletiva e celebrar o amor? então vamos. e solteire, compromissado ou de enrosco, que neste dia dos namorados você esteja amando muito, se não alguém, ao menos a si mesmo que é o mais importante.
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júnior bueno é jornalista e escritor e tá procurando trabalho, por favor, mandem freelas ou comprem meus livros na amazon: a torto e a direito e cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa.
Já salvei vários para ver no domingo 💅🏽
Eu amo: Lisbela e o Prisioneiro e O sol da meia noite (não sei de que país é, mas a história acontece lá em cima, para as bandas do pólo norte).
Lindos!!