velozes e não obstante, furiosos
#71: uma análise sobre velozes e furiosos 10 por quem não viu os nove filmes anteriores e uma lembrança dos hits da rider
olá, vocês!
até um dia desses, eu nunca tinha visto nenhum dos velozes e furiosos na minha vida. claro que eu não sou um recluso total. estive vagamente a par de alguns acontecimentos envolvendo a saga ao longo das últimas décadas, como a partida precoce de paul walker e o fato de um dos filmes ter sido no rio. mas de fato sentar e ver um filme inteiro nunca rolou. não que eu tenha algo contra o furioverso.
como a pilha de roupa em cima de uma cadeira no meu quarto, a franquia havia se tornado muito grande e intimidadora para enfrentar. eu tinha perdido aquele bonde com injeção de nitro. assistir a todos os filmes de velozes sim furiosos também consecutivos, levaria mais de 20 horas. não tenho tempo para isso, não com as 9 temporadas de the office pra rever no streaming.
mas sei lá porque, decidi que seria divertido ver o filme 10 de uma série sem ter ideia do que já rolou até aqui e depois escrever sobre a experiência. vocês podem me acusar de tudo, menos de não me esforçar pra entreter vocês. então, na edição de hoje, meus pensamentos ao ver o novo velozes e furiosos 10. além disso, desenterro uma lembrança do tempo do guaraná de rolha e trago uma lista de comerciais inesquecíveis da tv brasileira.
vem comigo!
como le gusta la gasolina
na semana passada, em nome da ciência e também da pipoca, acompanhei meu marido e seu sobrinho ao multiplex lavalle, no microcentro portenho, para assistir velozes, e por que não, furiosos (embora “assistir” realmente não seja realmente a palavra mais adequada para descrever esse delírio febril em forma de filme. está mais para“ter os olhos esmurrados freneticamente”).
e agora que a labirintite passou, tenho uma boa notícia: se você também é novo no furioverso e quer saber se vai entender o que está acontecendo no décimo episódio, fico feliz em informar que… não. você não vai entender nada do que está acontecendo. mas isto não importa. não tenho certeza se alguém sabe o que está acontecendo ali, incluindo as pessoas que criaram e estrelaram o próprio filme. e digo mais: acredito que saber algo estraga totalmente a experiência que é fruir esta obra prima da mais sétima das artes.
é seguramente um dos filmes já feitos. aqui está o que posso dizer sobre nem um pouco devagar e muito menos tranquilinho 10:
______ alerta de spoilers ______
olha, esse ator é português, fez a novela pedra sobre pedra. espera, ele faz um político brasileiro? ele é pai do james momoa? ele é meio mirrado pra ser pai do momoa, eu acho. ei, como colocaram o paul walker nesta cena? ah, tá, é um flashback. não entendi muito bem. muitas coisas acontecem, muito alto e muito rapidamente. corta pra hoje. meu deus, um ator de oito anos de idade é mais convincente que vin diesel. alá a ganhadora do oscar rita moreno. ih, alá a ganhadora do oscar charlize theron. o momoa tá muito histriônico, baixou o johnny depp nele. por outro lado, que sexy ele, não? se esse homem me pede qualquer coisa, de uma energia nuclear proibida à chave da minha casa, eu daria. é o jason momoa! corta pra roma. muito gci e mais coisas acontecendo, muito alto e muito rápido. eu gosto do personagem da michelle rodriguez, do ludacris, da moça negra de cabelo curto. mas não tem como empatizar com vin diesel, sinto muito. o carisma dele é negativo. gente, fiquei com dó dos carros que explodiram. gosto do asiático cabeludo também, pena que não aparece muito. gente, que mentirada, essa bomba em roma. (nada contra, eu adoro mentirada). não tem sentido a polícia perseguindo o vin diesel aí, parece só mais um empecilho pra cena ficar mais grandiosa. a vencedora do oscar helen mirren. vin diesel contracenando com a helen mirren tem esta vibe aqui:
alá a ganhadora do oscar brie larson. sério, em algum momento a meryl streep deve aparecer em cena, não é possível. não confio nesse loiro bombado da polícia. senti uma tensão sexual entre john cena e essa moça que parece a monica de friends. ai não, pera, parece que eles são irmãos. e o personagem do john cena é gay não é? tem que ser, todo o queer code do personagem, meu radar tá apitando alto aqui. espero que seja, eu tô torcendo pra isso. representatividade importa. corta para o rio de janeiro de novo. quantos cenários têm este filme? o garotinho filho do vin diesel é muito fofo. o john cena também é fofo. ninguém no mundo tem tanta fé quanto vin diesel. e é engraçado que ele e seu bando estejam sempre protegidos por esta fé, mas a cada cena frenética, morre pelo menos uma dezena de pessoas e ninguém dá a mínima. opa, uma corrida de carros no brasil. espera, eles estão falando o português de portugal? ei, é a ludmilla! teve mais fala que o rodrigo santoro em as panteras. a danada chegou pra balançar uma bandeira. e só isso mesmo. vin diesel deixa o amigo morrer e salva a brasileira de coimbra. o sobrenome do chefão do tráfico no rio era reyes? cê tá me zoando. tenho uma forte suspeita de que submeter qualquer parte desta trama a algum escrutínio faria com que ela desmoronasse como algodão-doce em uma tempestade. do nada a charlize theron e a michelle rodriguez estão lutando. mas elas não eram aliadas? o filme avança a uma velocidade caótica suficiente para superar a própria lógica. tipo, se o cara quer acabar com o vin diesel porque ele não acaba de uma vez e para de gastar tanto dinheiro com planos mirabolantes? dá pra fazer um drinking game: um shot a cada vez que o vin diesel diz a palavra família. o cara mata uns cinco capangas no banheiro do avião, salta do mesmo avião em um carro que plana no ar e ninguém se dá conta. só pra constar. essa cena do fortão da polícia na favela é nível novela da record de tão ruimvilhosa. não gosto de que os personagens estejam separados em núcleos, porque isso ressalta a ruindade de vin diesel atuando. o núcleo ludacris/cara engraçado/asiático cabeluso/hacker que fala palavras difíceis enquanto digita frenéticamente num computador é melhor que os outros. eu veria um filme só deles. ainda mais com o jason statan. e porque a melhor personagem, que é a michelle rodriguez, tá isolada na antártica? o cabelo do jason momoa é incrível em todas as cenas. as vértebras dessas pessoas são de aço? ah, pronto, agora a treta vai ser em portugal. eles primeiro escolhem os cenários e depois vão armando um roteiro em volta para justificar? os países e os carros no filme são puro condimento, né? opa, mais perseguições de carros, brigas, explosões, tudo ao mesmo tempo. uma série de homens e mulheres desnecessariamente musculosos se socam na cara, muitas vezes. bombas. existem muitas bombas. ai não, o john cena morreu sem sair do armário. agora um carro puxa dois helicópteros. nada fica ruim com helicópteros. não há nada que no final não resulte em algo que o jason momoa já não tivesse planejado. inclusive destruir meio país. agora eles todos vão se encontrar e derrotar o vilão. ih, olha lá, bem que eu falei que esse personagem não era confiável. ih, parece que deu ruim mesmo. espera, chamaram a gal gadot para aparecer um fucking segundo? a mulher maravilha e a capitã marvel podem existir num mesmo universo? como assim acabou do nada? espera, aí, tem cenas pós créditos. simplesmente the rock. vou ter que ver tão velozes quanto furiosos 10 parte 2 (ou seria se veloz é assim, imagina furioso parte 11? enfim, muitas questões).
alô, alô, w/brasil
a escritora adriana falcão define, no ótimo pequeno dicionário de palavras ao vento que a televisão é um “retângulo que passa atrações para o povo ficar vendo. as atrações têm que passar aos pedaços para poder caber, entre um pedaço e outro, anúncios para vender coisas assim como bicicleta. a finalidade é encontrar quem queira comprar o que é anunciado, pois com parte do dinheiro da venda pagam-se os tais anúncios, com parte do dinheiro pagam-se as tais atrações, e ainda sobra. mas eles fazem as atrações tão bem feitas que quem olha assim pensa que a finalidade da televisão são as atrações que passam nela.”
a verdade é que os comerciais são tão parte da história da tv quanto a própria tv. inclusive a telenovela só nasceu como uma forma de anunciar sabão em pó, daí o nome em inglês, soap opera. mas isso é outra história. ás vezes o próprio comercial é tão bem feitinho que nem parece que tão vendendo algo ali. assim de cabeça eu posso pensar em alguns, mas pra mim, uma campanha que marcou mesmo foi a dos chinelos rider nos anos 90.
o publicitário washington olivetto criou, ali em meados de 93 uma campanha que era basicamente um clipe de uma música da mpb. mas com imagens de verão intenso e gente sendo feliz com seus chinelos rider. na época, as havaianas eram líderes de venda, com celebridades em seus comerciais, em situações bem gente-como-a-gente. então, pra bater de frente, a solução da w/brasil chamou um timaço e a cada par de meses soltava um comercial grande, tipo clipe mesmo, de algum sucesso da música brasileira, mas em uma regravação inédita.
assim, surgiram canções que pra mim evocam bastante a década de 90, como tim maia cantando como uma onda, de lulu santos e, no ano seguinte, lulu cantando descobridor dos sete mares, do tim, pra retribuir a homenagem. ainda versões de luxo, como rita lee cantando felicidade, marina lima com nem luxo, nem lixo e o kid abelha com pingos de amor. mas pra mim o top 3 dos rider hits (como ficaram conhecidos os comerciais, e depois até lançaram cd) era: país tropical com o paralamas do sucesso, eu também quero beijar, com o cidade negra e soul de verão, versão de sandra de sá para fame. até hoje eu ouço e é como tomar uma coquinha gelada numa manhã de ressaca: energia pura. e claro que alguém fez uma playlist disso. tá aqui:
nos anos 2000 ainda fizeram mais alguns comerciais, como vamos fugir, com skank e além do horizonte, com o j quest. eram versões tão boas, que a gente nem lembrava que o rider quando molhava dava um chulé e se descolava, não colava mais de jeito nenhum. há alguns anos a rider deu uma encolhida no mercado, e eu jurava que não existia mais. mas parece que em 2016 relançaram os modelos clássicos para os 30 anos da marca. com tanta gente querendo trazer a papete de volta à moda, podiam também ressuscitar a campanha e fazer novos clipes. pelo menos um lado bom.
TOP 10
comerciais inesquecíveis de televisão
aquarela da faber castell
os mamíferos da parmalat
rider hits
o mordomo jaime dos sucos tang
os gordinhos do ddd
não é nenhuma brastemp…
pipoca com guaraná
brahma chopp a número 1 na copa de 1994
o garoto da bombril
danoninho vale por um bifinho
links, links, links!
vem celebrar o aniversário de uma das newsletter mais queridas desta rede. a dia sim dia não, do
tá fazendo dois anos e é daquelas que te tira boas risadas e torna seu dia mais leves. das vale a pena assinar, porque de vez em quando ele vem com listas que te ajudam a procrastinar com qualidade.eu estou morando nesta playlist com o maravilhoso nome “o materialismo dialético em joão gomes e belle & sebastian”. o conteúdo é obvio é uma seleção entre as melhores de dois expoentes da boa música pop. clarissa xavier, eu não te conheço, mas já te amo.
e já que falamos de propaganda, 30 segundos é uma série documental relembra as grandes campanhas publicitárias feitas no brasil. cada episódio é uma década e traz bastidores e curiosidades de campanhas famosas. alguns depoimentos são meio chatos, com os publicitários só faltando se lamber. mas vale como registro e resgate histórico.
hey, chegou até aqui? pois se gostou ao ponto de ler até o fim, que tal apoiar essa publicação autoral, independente, sem recurso e sem assinaturas? é só chamar na dm . qualquer quantia é bem-vinda, é só pensar quanto você investiria numa assinatura de um conteúdo que você curte. outra forma bacana de ajudar é compartilhar com quem você acha que gostaria de ler meu conteúdo. desde já muito obrigado!
júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
Um comercial que eu amo é do Itaú em alguma Copa do mundo, com crianças falando sobre os países. Um menininho ruivo solta "Os ucranianos são mais espertos... por causa do crânio!".
Nunca dei uma chance para os Velozes e Furiosos, mas já me sinto pronta para dar leves pitacos em conversas sobre o assunto após essa leitura. Obrigada, rs.
Que honra celebrar os dois anos da Dia Sim, Dia Não aqui na cinco ou seis coisinhas!!! Obrigado. E belíssima resenha desse clássico do cinema