para pedro, pedro para
#62: um tributo a uma mulher icônica da cultura mexicana e um apelo: vamos desdaddyficar pedro pascal?
olá, tudo bem?
eu tenho andado distraído, impaciente e indeciso. mas não é pelo trabalho, pelo esforço em equilibrar as contas do mês na galopante inflação argentina ou pela constante culpa de ir menos na academia que eu deveria, uma vez que já paguei por todo o ano. o que tem me tirado do prumo é a falta que ele me faz. eu tô muito órfão de the last of us. e eu preciso ver pedro pascal ao menos uma vez por semana porque, não sei como explicar, ele me dá a tranquilidade de que vai ficar tudo bem.
no começo pensei que seria algo passageiro, mas ao longo dos 10 episódios de the last of us eu tive que entender que sim, eu gostei muito dessa série e me envolvi muito com a história. e não, eu não estava preparado pro impacto que esse homem teria sobre meus hormônios. um homem latino de beleza acima da média, mas não atingindo o topo, sempre terá algum poder sobre mim. wagner moura, gael garcía bernal e javier drolas que o digam. mas pedro chegou onde nenhum crush chegou, nem mesmo o mark ruffalo. (bom, talvez o mark ruffalo). mas neste momento essa paixão corre sério risco de não se concretizar e nesta edição eu falo um pouco sobre isto. além disso, homenageio uma mulher íconica da cultura mexicana. vem comigo!
ai, pedro!
pedro pascal atingiu um ápice de popularidade no domingo do oscar há duas semanas, quando filmado na platéia olhou diretamente para a câmera (e conversou diretamente com a alma de cada um que viu essa imagem). com razão tem uma meia dúzia de homem revoltado com o símbolo sexual do momento. porque não é uma beleza inalcançável, é só um cara de boinha, bem humorado, nada afetado, com cara de que toma banho diariamente e esbanja simpatia em público. tá vendo, não precisa muito, o básico bem servido já dá uma boa impressão.
em 2019, numa entrevista em uma máquina da verdade(!) da revista vanity fair, resgatada agora em 28.957 fancams, pedro disse a seguinte frase: “eu sou mais daddy que ele [oscar isaac], porque eu sou mais velho. ele já tem filhos, eu não, mas daddy é um estado de espírito. eu sou seu daddy”. foi o que bastou para conquistar uma legião sedenta de cada vez mais pedro pascal. e aí a coisa foi tomando proporções cada vez maiores a medida em que o ator foi ficando cada vez mais popular.
agora o homem não pode dar uma entrevista sem que tenha que responder como se sente sendo o sonho molhado de mulheres e gays de todas as cores, de várias idades e muitos amores. é o flautista de hamelin da libido ocidental. e vamos combinar, tá cansando. porque eu sinceramente preferia que ele não se ligasse muito no furor que causa. como aquele crush coroa da academia, aquele único pai do grupo de mães da escola, aquele tio do seu amigo por quem você falta derreter quando se esbarram em algum lugar e ele te cumprimenta.
seria melhor que pedro fosse alheio ás redes sociais, que não soubesse a diferença entre tiktok e tok stok. é o que eu esperaria de um “paizão”. mas com os repórteres esfregando tweets sedentos na cara dele a cada tapete vermeho, a graça do tesão platônico, meio proibido, vai morrendo. porque sejamos sinceros, por mais carisma e charme que ele possa ter, já é meio ensaiada essa reação “nossa, eu, que nada, eu nem sou tudo isso”. tem cheiro de assessoria por trás, monetizando essa reação.
outro ponto contra é que nessa onda, meio que vai esvaziando a imagem do ator. imagina você chegar lá só aos 40 e tantos, sendo latino, fazer papéis de destaques em séries aclamadas e tudo isso ser reduzido a ser somente objeto de desejo. seria meio triste se fosse com alguém que só tem beleza para mostrar. e josé pedro balmaceda pascal tem um talento enorme, uma história de vida interessante e tem se mostrado por dentro de pautas importantes, como a causa lgbtquia+ (sua irmã é uma mulher trans e ele sempre fala dela com amor e orgulho).
e olha que o que vem por aí é material para uma hecatombe. pedro pascal em um curta de almodóvar, como um cowboy apaixonado por ethan hawke. é o megazord de daddys que eu não sei se estamos preparados para receber. então fica assim: vamos fingir que não tá acontecendo o que tá acontecendo em nossa pele quando ele aparece naqueles jeans em the last of us. vamos desdaddyzar pedro pascal.
HOMENAGEM
a bruxinha que era boa
com um rosto marcante, que desafia os padrões de beleza e se impõe e um arranjo de flores na cabeça, ela se tornou um símbolo da arte mexicana. com uma vida marcada por paixões, dor, sofrimento e perseverança, levou ao mundo as cores vibrantes e a energia do povo mexicano em suas roupas e adereços. e e por trás de sua arte, uma história política, de militância, luta contra a opressão e pela liberdade.
se você pensa que vou falar de frida kahlo, errou. porque este texto é sobre angelines fernández, que ganhou o mundo na pele de dona clotilde, a bruxa do 71. chaves foi um dos programas de tv mais importantes do século passado em todo o mundo e segue sendo parte da cultura popular. cada um de seus personagens se tornou um ícone, tanto no méxico como no resto dos países latino-americanos. e a bruxa do 71 não foge a esta regra, já que a misteriosa personagem imortalizou angelines, que deu vida à e eterna apaixonada pelo seu madruga.
a atriz nasceu em madri, espanha, em 30 de julho de 1924 com o nome de maría de los ángeles fernández abad, mas na indústria, foi reconhecida pelo apelido de angelines. um acontecimento marcou sua juventude bem antes de se tornar famosa,: o regime de franco. quando angelines tinha apenas 14 anos, francisco franco instalou uma ditadura militar na espanha, fazendo com que, ao longo dos anos, milhares de pessoas se opusessem à forte repressão política, acabando por emigrar do país.
angelines, ainda muito jovem, tornou-se guerrilheira para lutar contra o governo de franco e defender a república da espanha. pegou em armas e lutou ao lado de um grupo guerrilheiro, se escondendo em áreas montanhosas. quando o governo de franco recuperou o poder pela segunda vez, angelines teve que se exilar de seu país natal para sempre, indo para cuba e depois para o méxico.
durante a juventude, a atriz se destacou por sua grande beleza. com sua chegada ao méxico na década de 1950, angelines iniciou sua carreira de atriz, primeiro em novelas de rádio, e depois saltou para a televisão na época do chamado “cinema de ouro” mexicano. já com 50 anos, começou a dar vida a um dos personagens icônicos criados por roberto gómez bolaños para el chavo del 8: a bondosa e ás vezes amarga dona clotilde, que sofre o diabo nas mãos das crianças da vila.
e apesar de ele ser um personagem mais velho que ela na vida real, angelines, mesmo com juventude e beleza intactas, soube cumprir o papel perfeitamente. e foi no país que escolheu para viver que ela passou grande parte de sua vida, até o dia de sua morte, em 25 de março de 1994.
TOP 10
melhores episódios de chaves
o ladrão da vila
a barraca de sucos do chaves
a casa da bruxa do 71
o festival da boa vizinhança
a viagem para acapulco
a morte do seu madruga
hector bonilla visita a vila
os ratos no restaurante da dona florinda
o natal na casa do sr. barriga
os espíritos zombeteiros
links, links, links!
este texto incrível da
sobre a angústia de perceber que não sabemos tanto. (e a alegria de entender que estamos aprendendo um montão).
e esse texto divertido da
que também é sobre não saber algo e parte do mesmo lugar que a aline: aprender um novo idioma.e newsletter é meio esquema de piramide, cada pessoa que você gosta de ler vai te indicando as que ela gosta e no final você tem 300 textos semanais pra ler na sua caixa de email. mas você precisa ler e assinar a news da
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
Cheguei agora e amei essa edição! Me diverti horrores. Que preciosa essa lista de episódios do Chaves! Valeu ♥️
Poxa, a Bruxa do 71 me surpreendeu :0