o urso e o dragão
#125: um (não tão) breve resumo das séries que estou vendo no momento e uma recomendação sobre a melhor já feita em todos os tempos
olá vocês!
primeiramente, bom dia, segundo, simone biles. há duas semanas eu abri um formulário de perguntas para quem lê esta newsletter. a intenção é escolher uma ou duas perguntas todo mês e respondê-las. se você quiser colar com o bonde, é só clicar aqui embaixo e mandar uma pergunta, um pedido, uma confissão. vale o que vier.
no episódio de hoje, eu respondo a pergunta da leitora babi:
“adorei o texto sobre sitcoms, eu amo ter sempre alguma para ver ou rever que seja um conforto, um abraço quentinho. que séries você está vendo no momento? e que série você me recomenda assistir?”
olá babi, que legal a sua pergunta, obrigado! e já começo pedindo desculpas por não poder ser conciso na resposta, já que sempre estou vendo uma porção de programas ao mesmo tempo. nunca parei para contar, mas neste momento estou vendo (ou terminei de ver recentemente) as seguintes séries:
the bear - neste momento, entre as séries que assisto, é a minha preferida. é incrível como a edição é bem feita, a direção é boa, o elenco está tremendo na sua totalidade, sem ninguém destoando. mas o principal da série e a boa dramaturgia. até em episódios quase sem diálogos ou inteiros girando em personagens gritando em volta de uma mesa, é sempre um deleite de assistir. e contrariando os críticos que disseram que a terceira temporada caiu em qualidade, eu acho que a série só melhora.
difícil falar de the bear sem dizer que é um grande momento da tv, em que personagens cheios de nuances encontram atores à altura para interpretá-los. meu preferido, richie (ebon moss-bachrach) já foi o mais odiado e teve um episódio sobre seu crescimento tão incrível que é impossível não torcer por nosso primo perdedor preferido. e claro a química em cena entre sidney (ayo edebiri) e carmy (jeremy allen white). eu amo meus cozinheiros degraçados da cabeça e vou protegê-los de todo o mal.
resumo: carmy luta para transformar a lanchonete - e depois restau - da família e a si mesmo enquanto trabalha ao lado de uma equipe rude e difícil que acaba se revelando como sua família escolhida. (disney+)
a casa do dragão - vi o episódio final da segunda temporada ontem e tô assim: 🤡. é uma série ruim? não, longe disso. mas eu não entendo porque é tão monótona. claro, que a cada par de episódios há um evento emocionante com cenas de tirar o fôlego, mas aí volta para um jogo de xadrez onde as peças se movem pouco e de maneira estranha. há duas personagens principais carismáticas e fortes, mas mal aproveitadas por um roteiro preguiçoso.
mas meu principal problema com a série é que é impossível não comparar com game of thrones, onde havia gente conspirando o tempo todo, logo havia muitos personagens atuando em muitos níveis, inclusive nas sombras. em a casa do dragão a coisa parece uma novela do walcyr carrasco, com personagens gritando “você é um bastardo!” na cara um do outro, o tempo todo. a menina deu uns pegas no tio e, na cena seguinte, todo mundo já tava sabendo. cadê os segredos de família levando muitas temporadas para serem descobertos?
resumo: a prequela de game of thrones gira em torno da disputa entre os meios-irmãos - e louros - rhaenyra targaryen e aegon ii pelo trono de ferro dos sete reinos de westeros. (max)
abbot elementary - o grande luxo das comédias recentes realmente me tira boas risadas e mostra como é possível fazer humor da melhor qualidade sem ser escroto e resbalar em piada racista. é uma delicinha de ver jovens talentosos como quinta brusten (estrela e criadora da série) mostrando serviço e estrelas veteranas como sherryl lee ralph e lisa ann walter tendo seu valor reconhecido.
resumo: um grupo de professores dedicados e uma diretora um tanto relapsa trabalham em uma escola pública na filadélfia, onde, apesar das dificuldades, se empenham em ajudar seus alunos a ter sucesso. (disney+)
a amiga genial - como eu devorei a leitura da tetralogia napolitana de elena ferrante, decidi assistir essa série a passos lentos. saboreando cada episódio, cada diálogo, cada paisagem, cada silêncio. que delícia poder assistir algo tão bonito. é uma novelinha das boas, com uma história bem construídas e perosonagens contraditórias. eu amo e odeio cada uma das amigas no mesmo episódio. estou no meio da terceira temporada, sem pressa nenhuma de acabar.
- resumo: a série narra a vida de lenu e lila, amigas desde crianças na década de 1950 e ao longo das décadas seguintes na cidade de nápoles, na itália. (max)
hacks - tudo nesta série é um desafio ao senso comum: pessoas adoráveis, mas com uma moralidade distorcida ou pessoas horríveis, mas ainda capazes de gestos nobres? um roteiro politicamente incorreto sem ser desrespeitoso (sim, é possível). deborah vance é um dos grandes personagens da tv e um trabalho incrível de jean smart. mas agora eu te pergunto: não poderia ter uma temporada um pouquinho maior? 10 episódios passam muito rápido. (max)
- resumo: uma comediante consagrada enfrenta uma baixa na carreira já que seu humor é considerado inadequado para os dias de hoje. relutantemente ela acaba se unindo a uma roteirista millenial para atualizar suas piadas.
ru paul’s drag race - é reality, não série, mas eu tive que colocar aqui porque eu sempre estou vendo alguma temporada de alguma franquia. é meu programa de conforto, moldou meu caráter nos últimos 15 anos e é parte do meu cabedal de conhecimentos de cultura pop. eu posso passar dias falando sobre isso sem jamais me repetir. atualmente eu estou vendo as temporadas de méxico e canadá vs. the world. mas neste ano já vi a dos eua, reino unido, canadá, frança, all stars e all star espanha. e em breve vem a edição global e a espanhola. eu não sei se estou vivendo ou vendo drag race.
- resumo: gays de peruca lutam pelo título de drag superstar dado pela lendária draq queen rupaul. (wow plus)
el desafío - é meu programa familiar de todo dia: jantar assistindo um reality show colombiano que meu marido me apresentou. el desafío existe há duas décadas e é um hit absoluto na colômbia. dura meses a fio, misturando convivência, competição em grupos e provas de resistência física para atletas de alto rendimento. na minha opinião, é o melhor reality show já criado, já que mistura big brother com survivor. mas aqui é bem mais punk: quem perde a prova da comida fica sem comer real por dias. se perder a prova de benefícios tem que dormir ao relento.
- resumo: um bando de gente gostosa competindo em provas física por uma quantidade obscena de dinheiro. (caracol tv, com ajuda de um vpn)
séries cujas novas temporadas eu aguardo com ansiedade: only murders on the building, white lotus, the last of us e x-men 97.
série que eu estou revendo no momento:
mom - acabei de ver the middle, que era minha série de conforto e como fiquei órfão de uma sitcom de família, decidi rever esta. não é incrível, mas diverte. é a história de uma mãe solo alcólatra, filha de outra mãe solo alcólatra, lutando para criar filhos de maneira a evitar que eles passem pelos traumas que ela passou. parece barra pesada, mas é divertida. (amazon)
séries que eu comecei a ver e parei (e não sei se volto):
o conto da aia - eu não sei exatamente o que é, mas tem algo nesta série que não me pegou de jeito nenhum, apesar das muitas qualidades.
pantanal - eu tava tão feliz vendo a novela da globo de 2022, mas aí a arrombada da paramount tirou do catálogo e eu fiquei sem ver maria bruaca, juma, jove e o véi do rio. preciso da minha novela de volta.
upload - pensa numa série ruim. mas não um ruim que acaba sendo divertida. essa aqui é deprimente, criminosa até.
good girls - era muito boa nas primeiras temporadas, mas perdeu a mão totalmente, não consegui terminar.
série que recomendo a qualquer momento a qualquer pessoa, inclusive tô pensando em rever:
crazy ex-girlfriend - com licença, eu vou palestrar. esta é uma série musical sobre rebecca bunch (bachel bloom), uma advogada bem-sucedida que abandona sua carreira em nova york para seguir um ex-casinho da adolescência numa cidadezinha medíocre da califórnia.
toda a devoção obcecada de rebecca (rachel bloom) pelo pobre josh (vicent rodriguez iii) e o título ironicamente machista sugerem que é uma série sobre o amor de uma mulher por um homem. mas é aí que a série começa a surpreender: é a jornada de uma heroína em busca de sentir um pouco da felicidade que ela imagina nas pessoas ao redor, já que sua infância e adolescência foram arruinados por pais horríveis e, consequentemente, más decisões. é um tratado sobre saúde mental disfarçado de comédia romântica.
o que torna esta série acima da média é que apesar das situações absurdas em que rebecca se mete para ter uma migalha de atenção que seja de josh, é impossível não empatizar com ela. porque ela é uma perdedora no amor, doidinha de pedra, mas também é boa amiga, engraçada e ótima profissional. e o fato da personagem ser ao mesmo tempo bem sucedida e toda cagada por dentro desmistifica muito a imagem que temos de pessoas com transtornos mentais.
também é bom ver como o comportamento carente e errático de rebecca é educativo: toda vez que eu me vi em alguma situação de me importar demais com gente que não tava nem aí eu me perguntava: “o que rebecca bunch faria?” e ao imaginar a resposta, eu fazia o oposto. já me poupou de muito constrangimento na vida.
a série, criada pela própria rachel bloom e aline brosh mckenna retrata uma mulher muito humana em seus delírios, que trai, mente para si e para os outros, se comporta de maneira auto indulgente, mas ao longo das temporadas, aprende a se recompor, juntar os caquinhos e escolher ser uma pessoa melhor para si mesma.
e o bônus é que é uma série musical: os números são uma atração à parte, cheias de ironia, humor nonsense e referências pop, três das minhas coisas preferidas na vida.
eu tenho inveja de quem nunca viu esta série, porque podem ver pela primeira vez. sério, crazy ex-girlfriend está para mim como o filtro solar está para o pedro bial. assim que, se eu puder te dar só um conselho nesta vida é: assista crazy ex-girlfriend. (paramount)
e vocês, que séries estão vendo no momento? e qual me recomendariam?
júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor dos livros a torto e a direito e cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponíveis em e-book na amazon.
eu sou muito lerdo para ver séries, estou sempre atrasado 😅
Modern family, não existe, pra mim, maior série conforto do que essa, sempre que posso recomendo pra alguém assistir!!