eu tô muito richarlizado
#47: credo ser brasileiro, mas deus me livre não ser. na minha copa do mundo é eu e richarlison contra a rapa e a panela.
oi gente!
desculpa estar monotemático, mas nesta última semana eu respirei, me alimentei, dormi e sonhei copa do mundo. eu havia esquecido que o mundial desperta em mim uma personalidade totalmente obcecada. minha chefe me perguntou se eu sou gosto de futebol. eu respondi que eu gosto de copa do mundo. quem gosta de futebol é adolescente, adulto gosta é de montar tabelas, cruzar dados, decorar nomes e fazer 8.578 prognósticos.
é tão engraçado que eu não ligo muito para o futebol em si. tá, sou vilanovense e corintiano mais por convicções políticas e memória afetiva que necessariamente pelo futebol apresentado. mas de quatro em quatro anos, eu mudo de pele. Muito acho que é pela magia de ter acompanhado a seleção desde sempre.
se fosse um campeonato infinito tipo o brasileirão que é de pontos corridos, eu acho que não me animaria tanto. o negócio é que copa do mundo ativa meu sentimento de pertencer a um grupo. uma grupo problemático, mas o mais alegre e animadp do mundo. credo ser brasileiro, mas deus me livre não ser.
bom demais ouvir o nome richarlison e não estranhar, já que o brasil é a terra dos “sons”. eu mesmo sou wilson. e eu tô muito richarlizado. o gol de bicicleta do 9 brasileiro era o que bastava para o mundo voltasse a girar no seu eixo normal. até ver um marmanjo de camisa amarela fazendo dancinha ridícula voltou a despertar ternura em vez de raiva. e não basta ter feito dois gols na estreia da seleção, o moleque pombo é, ele mesmo um golaço do brasil.
até quem descobriu semana passada que ele e o também jogador richarlysson não são a mesma pessoa, já se apaixonou pelo garoto. motivos não faltam, e vão além do gol de bicicleta. no auge da pandemia de covid-19, o atacante usou suas redes e sua voz para pedir à população que se vacine.
além disso, ele é padrinho do programa usp vida, criado para destacar a importância da ciência na pandemia. logo após a semifinal da copa américa, leiloou a chuteira usada na festa, doando o valor arrecadado para o projeto. ainda durante a pandemia, o atleta se posicionou firmemente pedindo atenção do estado do amapá, que passava por uma crise energética, causando diversos apagões. na luta contra o racismo, criticou a morte do americano george floyd.
vítima ele mesmo de racismo por torcedores da tunísia, junto com o colega vinícius júnior, não ficou calado e se posicionou nas redes pedindo uma punição severa. quer mais? richarlison ainda tem tempo de se interessar por causas ambientais. neste ano ele 'adotou' uma onça-pintada, chamada acerola, que vive sob os cuidados da ong onçafari. em 2020 assumiu uma posição ativa cobrando das autoridades medidas mais efetivas para combater a série de incêndios que queimaram 30% do local.
em meio a tantos ídolos mais preocupados em vender produtos e comprar carrões pra sair com os parças, o homem richarlison parece ser um exemplo bem lúcido para as gerações de meninos do brasil. joga bonito dentro e fora de campo e é por isso que na minha copa do mundo é eu e richarlison contra a rapa e a panela.
TOP 10
do sempre, sempre seu, erasmo.
mais um astro da música brasileira sendo confirmado no line-up do céu. que triste novembro. agora se foi o tremendão, que para mim era, senão o rei, ao menos o imperador da música brasileira. roberto que me perdoe, mas sem erasmo, sua obra seria 50% menos bonita.
grandão e selvagem, mas ao mesmo tempo doce, o erasmo carlos passou pela jovem guarda, e seguiu sendo um grande roqueiro e letrista, nem sempre tendo seu valor reconhecido. ainda na ativa, na semana passada ganhou um grammy latino de melhor álbum de rock.
além da parceria com roberto carlos, também criou dezenas de sucessos solo e com parceiros como marisa monte, renato russo, djavan, chico buarque, milton nascimento e adriana calcanhotto. vai fazer uma falta danada aqui, com sua genialidade e gentileza, ainda que tenha passado a vida tentando manter a sua fama de mau.
abaixo, uma lista de canções inesquecíveis do meu amigo, erasmo carlos:
sentado a beira do caminho
mesmo que seja eu
é preciso dar um jeito, meu amigo
de noite na cama
mais um na multidão
é preciso saber viver
as curvas da estrada de santos
sua estupidez
120… 150… 200km por hora
todos estão surdos
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
A essa altura do campeonato muitas coisas já mudaram sobre a copa (comento isso às vésperas de mais um jogo) mas olha, assistir jogo no bar, coletivamente, eu penso a mesma coisa: que desgraça, mas como é bom ser brasileiro. Essa energia e alegria é só nossa! E é bom demais.