duas mil e vinte e três coisinhas
#51 - o sofrimento como caminho para a iluminação é supervalorizado. como diz o gil "o melhor lugar do mundo é aqui e agora".
(aviso aos navegantes: esse texto foi escrito antes dos atos terroristas e golpistas de domingo. decidi mandar mesmo assim, porque posso escrever outro na força do ódio, mas acho que não tá valendo a pena gastar a bile com isso. esse espaço sempre se propôs ser um respiro da loucura cotidiana e avesso ao hardnews sempre que possível. mas isso não quer dizer que vou me omitir a dizer o óbvio: sem aninstia pra essa cambada de golpista cafona e pra quem financia esses ataques)
voltamos à nossa programação “normal”.
olá gente, feliz ano novo!
(faz de conta que o ano ainda é novo)
pra começar, que começo de ano bonito a gente teve, não? eu não me lembro de ter vivido algo tão marcante e histórico na minha vida. o fim de um período sombrio e o começo de outro tão cheio de de esperança. parece tão pouco, mas a gente tava tão carente dessa esperança que é muito sim.
não foi fácil, e foi por muito pouco. por isso a risada, o alívio, a festa. a sensação de estar lá junto. nós elegemos lula e derrotamos o ser humano mais corrupto, cruel e estúpido que já frequentou aquelas paragens de brasília. além da enorme alegria, a sensação é de dever cumprido.
resistimos a quatro anos de cinismo, crueldade e desmonte, e reunimos forças para vencer não só o pior presidente da história, mas uma multidão insana que prefere o terror ao diálogo. que prefere ter menos, desde que o mais pobre não tenha nada.
então é pra festejar sim, a cada vento de mudança: mais mulheres nos ministérios, mais projetos para indígenas, pessoas pretas, pobres, mulheres, o povo do vale. é pra celebrar e pra nunca esquecer o quanto custa a democracia.
o que vocês estão achando dessa mudança?
tá meio tarde pra fazer resolução de ano novo? tá. mas 1 - essa é minha newsletter e eu jogo aqui os temas que me dão vontade; 2 - esta é o primeiro número de 2023, então, faz sentido elencar aqui algumas coisas que seriam boas pra gente fazer este ano. pra não dizerem por aí que eu sou gente boa, vou reclamar de duas coisas que acho muito caídas em festas e a gente pode abolir. e lá no final, a lista dos meus filmes-conforto da vida, aqueles que eu vejo sempre que posso. vem comigo!
panetone na chapa e outros conselhos
eu confesso que venho num crescente de felicidade desde dezembro, com casamento e final da copa do mundo assim, coladinhos. mas o primeiro de janeiro eu não esperava que ia ser assim tão gostoso. o bom de ser um brasileiro vivendo na argentina é que neste exato momento os dois países passam por um período de felicidade coletiva. eu mesmo tô só esse meme:
outra coisa que eu recuperei, além da capacidade de ser feliz: eu ando muito chorão. ver messi levantando a taça e lula subindo a rampa ao lado do povo mexeram demais comigo. eu ando tão a flor da pele que choro com comercial de bebida. juro, já viu esse?
então já fica aqui uma coisa pra esse ano novo: se der vontade de chorar, simplesmente chore. comecemos a não controlar tanto as lágrimas, assim como não controlamos o riso. ainda mais se for choro de alegria ou de saudade. é bom, lava a alma, alinha os chacras, renova o espírito.
por falar em choro, minha tradição de ano novo é todo dia primeiro de janeiro ver de novo o filme forrest gump. esse ano já é o vigésimo e eu nunca deixo de me emocionar. a cada vez e sempre percebo algo novo, no filme e em mim mesmo. dessa vez eu me empatizei demais com a personagem jenny, tão perdida em meio a situações horríveis desde a infância. me comove como ela machuca a si e aos outros simplesmente porque não acredita que mereça ser amada e feliz.
leva tempo aprender, mas nunca é tarde: nós merecemos ser amados e felizes. e somos maiores que as dores que levamos e os problemas que enfrentamos. a gente passa metade da vida projetando um futuro onde vamos nos realizar, ou ainda criando um ideal de felicidade para depois da morte.
mas a gente tá aqui pra ser feliz agora, já cantou o iluminado gilberto gil. o sofrimento como caminho para a iluminação é supervalorizado. claro que não se pode evitar a dor e sofrer é parte da vida. mas é se levantar, compreender a marcha e ir tocando em frente.
outra ideia boa pra abandonar em 2023: a romantização da pobreza. é lindo ver que alguém é talentoso e dedicado suficiente para contornar as adversidades. mas bom mesmo é que elas não existissem. claro que é um absurdo que existam poucos com tanta grana enquanto a maioria não tem nada. mas vamo parar de encenação? dinheiro dá acesso à educação, saúde, lazer e dignidade. o básico do básico. o mínimo pra alguém começar. então dinheiro traz felicidade sim.
tem alguns outros conselhos que eu poderia deixar aqui, como se eu soubesse o que é bom na vida. você pode seguir ou não, mas tem um, acima de todos, que é fundamental para ser feliz: panetone na manteiga. eu nunca pensei que algo que já é bom pudesse melhorar tanto, mas meus amigos mariana e vinícius me mostraram que eu estava errado. o salgadinho da manteiga e a crostinha crocante que se forma ali. o paraíso, amigos, o paraíso.
e é simplão: aqueça uma frigideira, derreta um tanto bom de manteiga e toste uma fatia generosa de panetone (ou chocotone, se você é chatinho e não gosta de fruta seca). alguns minutos. não muito, apenas o bastante para dourar de cada lado. aproveita que ainda estão vendendo no supermercado e seja feliz.
SE COMBINAR DIREITINHO
essa é uma sessão nova da “cinco ou seis”, de vez em quando eu vou vir aqui com alguma reclamação de algo que a gente pode resolver, se todo mundo colaborar.
e minha primeira solicitação é por uma etiqueta para fim de festa. vamos normalizar sair de fininho e no máximo avisar pro dono da festa, assim na surdina: “olha, eu amei ter vindo, tá ótima a festa. mas eu já vou indo, meu uber tá chegando já”. e sair. mas tem que ser um tratado entre as duas partes, a que vai e a que fica.
porque tem duas situações chatíssimas. uma é a pessoa que vai embora antes e resolve despedir de todo mundo, um por um, e ainda com um papo chato de “amanhã eu acordo cedo, tenho um monte de coisa pra fazer”. porque isso meio que aciona nos outros a necessidade de ir embora também. a pessoa acaba com a alegria do ambiente e leva a festa junto com ela. não seja essa pessoa que arrasa com a festa dos outros.
a outra situação é o chato que quando você diz que tem que ir, fica insistindo. “ah, mas já vai? ah, não, fica mais um pouco, tá tão bom aqui. vai fica, para de ser chato, vai fica”. insuportável. amigo, eu já fui, dei o meu melhor, adorei a noite, mas preciso da minha cama e não vou ficar aqui com sono e bateria social baixa pra agradar ninguém. porque nem todo mundo tem carisma pra sustentar uma noite inteira de festa. cada um tem seu tempo. e as boas festas, assim como os bons romances são infinitos enquanto duram.
então vamos combinar: deu a hora de ir, saia lindo e deixe a festa rolando. manda uma mensagem agradecendo o convite. e se alguém disser que tá indo, sorria e agradeça a presença. ás vezes estar muito tempo sendo sociável é uma prova muito grande de carinho e amizade.
LINKS, LINKS, LINKS!
quer dar boas risadas? toma aqui uma thread com as melhores entrevistas da fernanda torres pra alegrar seu dia.
quer entender o comportamento de seita dos viúvos do ex-presidente? ouça esse episódio do rádio novelo apresenta.
quer procrastinar gostoso? esse perfil do insta que faz miniaturas de produtos de supermercado.
quer ver um filminho legal? o novo desenho da disney, mundo estranho, que é divertido e emocionante na proporção exata.
e quer ouvir um álbum bonito de música brasileira? rita benneditto convida jaime alem. lindo demais, recomendo.
TOP 10
filmes que eu já vi mais de 10 vezes
forrest gump
os goonies
de volta para o futuro
o casamento do meu melhor amigo
medianeras
lisbela e o prisioneiro
para wong foo: obrigada por tudo, julie newmar
procurando nemo
o fabuloso destino de amelie poulain
curtindo a vida adoidado
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
siiiimmm, a gente tem que guardar na memória do corpo a sensação de ser feliz pra ter força pra enfrentar dias tão difíceis. feliz 2023, obrigado pela visita!
Os respiros são essenciais pra que parem de sequestrar nossas alegrias! É agridoce ler como fomos felizes dia 1 pensando nos atos de ontem. Mas seremos felizes na força do ódio! Kkkk
Lisbela e o Prisioneiro também tá na minha lista de vistos mais de 10 vezes, com A Bela e a Fera e O Auto da Compadecida! 💗