cenas de um casamento
#48: não sei se você sabe, mas eu me casei. pois é, menina, eu tenho um marido. e tava em lua de mel, com meu marido. porque agora, veja bem, eu tenho um marido.
olá gente!
então, como disse na última semana, eu me casei. pois é, agora eu tenho um marido. e tava em lua de mel, com meu marido. porque eu tenho um marido. desculpa, eu não paro de repetir isso, nunca pensei que me sentiria assim tão feliz com uma mudança de estado civil.
sim, porque victor e eu nos casamos somente no civil, a cerimônia será só no ano que vem. na verdade a gente já tava casado, ou pelo menos já se sentia assim. o papel assinado foi mera formalidade, um trâmite para ter acesso a direitos e tornar institucional que os bueno-aldana acabam de nascer como família.
e é um processo muito rápido, marcamos pela internet, com nossos documentos e no dia marcado a gente chegou cedinho, com duas testemunhas e uma dezena de amigos. na hora marcada um juiz nos chamou, elencou os direitos e deveres que nos cabiam agora como cidadãos casados e nos chamou pra assinar duas vias de papel. nem deu tempo de dizer nossos votos.
recebemos um livrinho vermelho (❤ socialismo, hahahaha), com instruções básicas para as famílias, desde como obter atendimento de saúde, direitos dos filhos e um espaço para preencher dados de pelo menos 12 crianças. vou precisar de dois caderninhos. na saída jogaram arroz na gente, e eu amo muito um clichê, eu tô muito feliz.
porque apesar de ser um registro civil, como tirar carteira de motorista, é uma coisa importante, pelo menos pra mim. e foi lindo ver pessoas tão queridas despertarem tão cedo pra participar desse momento. saímos do cartório e fomos caminhando até uma cafeteria, com direito a parar numa praça pra tirar fotos. os jacarandás florindo o chão em amarelo e lilás. tomamos café da manhã e ganhamos flores das nossas amigas. e desconhecidos nos saudavam na rua.
à noite voamos para puerto madryn, na patagônia, na melhor viagem que já fiz na minha vida. eu vi os pinguins e muitas praias lindas, infinitos banhos de mar e um sol maravilhoso que vai embora já tarde da noite. então, é isso, o texto de hoje é feliz, desculpa se tá num nível muito elevado de glicose, mas é isso, eu só queria dizer que me casei. com meu marido. já disse que tenho um marido?
abaixo, vou deixar meus votos, aqueles que não deu tempo de falar. e lá embaixo, uma lista com filmes lgbt com final feliz. vem comigo!
oi meu amor,
a história oficial é que eu decidi me casar com você na primeira vez que fomos ao cinema, quando você me disse que costuma misturar pipoca doce com salgada. isso me surpreendeu demais, porque é o que eu faço! era a prova irrefutável que estaríamos destinados um ao outro para toda a eternidade.
mas agora eu vou dizer a verdade, eu acho que sempre soube que me casaria contigo, mesmo antes de saber que você existe. parece doido dizer isso, mas quando eu pensava em alguém, era alguém assim, como você. que trouxesse calma para minha turbulência. e cores e sons para os meus dias.
alguém que me acompanhasse para conhecer o mundo. e fosse bobo assim como eu, rindo das piadas mais cretinas do mundo. alguém que não se esconde, nem tem medo de se revelar vulnerável. e que me ensinou a não querer ter controle sobre tudo. acho que a gente é um mecanismo engraçado e complexo, que se complementa, ora sendo idênticos, ora totalmente opostos, mas em que tudo se encaixa perfeitamente.
com você eu descobri que amar não é descobrir um porto seguro em alguém, mas encontrar companhia para enfrentar o mar quando ele está bravío e navegar contente quando ele está mais tranquilo. seu silêncio e a sua voz, sua calma e seu sorriso, seus olhos e seu abraço, tudo em você é morada para mim.
num mundo onde tudo parece efêmero e transitório, você olhou pra mim e enxergou uma família. e em troca eu só posso te oferecer abrigo, tempero, calor e boas risadas. e mais respeito, admiração, desejo e torcida sempre. e a isso você pode chamar amor.
ps: as fotos que ilustram essa edição pertencem à conta @lgbt_history e @lgbthistoryindia, dedicada a documentar a luta por longo das décadas da população lgbtq+ nos estados unidos e na índia. porque nunca é demais lembrar que se hoje eu posso beijar o meu menino na rua, muitos da nossa comunidade sofreram exclusão, medo e solidão. outros tantos tiveram que sair às ruas, exigindo desde direitos básicos, como o de não morrer, á extensão de direitos comuns a todas as pessoas, como se casar e formar família, se assim o desejam. graças a essas pessoas, hoje eu posso dizer e digo “SIM”.
TOP 10
10 filmes lgbtq+ com final feliz
priscilla, a rainha do deserto
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hoje eu quero voltar sozinho
delicada atração
4th man out
a gaiola das loucas
no caminho das dunas
lawrence anyways
o reino de deus
gostos e cores
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor do livro cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponível em e-book na amazon.
que lindo! muitas felicidades para vocês <3
mais doce que uma fábrica de chocolate, e tá correto <3
as fotos tão lindas e é muito bom relembrar que muita gente lutou mas também foi feliz, apesar de tudo, pra gente tá aqui sendo feliz, com outros apesares, mais tranquilos.
felicidades pra vcs!!