catuca pai, catuca mãe, catuca filha...
#121 - "...eu também sou da família também quero catucar!" ou e se meus personagens preferidos fizessem parte da mesma sitcom?
olá vocês!
no terreno do passatempo fútil eu sou do time dos episódios curtos. mil verão casamento às cegas a minha direita, dez mil maratonearão bridgerton a minha esquerda, mas meu vício por sitcoms jamais será abalado. sabe aquela série com cenário fixo, episódio curtinho, risadas pré-gravadas e confusão a la vaudeville, sempre com o mesmo grupo de personagens? eu adoro. e imagino quase todo mundo também, porque é um dos gêneros mais tradicionais na tv, existe desde os anos 50.
a razão, parafraseando isabela boscov, é que durante aquela meia hora, a a comédia de situação me leva a um lugar tão aconchegante, tão reconfortante, tão capaz de reconstruir a sua fé na humanidade que não tem preço. não precisa ser nem inovador nem revolucionário, se limpar um pouco meu cérebro, com humor duvidoso e uma dose de afeto, já tá valendo.
com o passar dos anos, as sitcoms foram mudando, conforme o mundo ia evoluindo. antes era uma coisa meio careta, a lucy e o ricky nem podiam dormir na mesma cama em I love lucy. nas décadas seguintes foram sendo apresentadas famílias chefiadas por mulheres como mary tyler moore show; temas tabus como sexualidade de mulheres mais velhas como em golden girls, ou a cultura gay de jovens urbanos, como will and grace também apareceram. um maluco no pedaço falou abertamente sobre racismo e violência e o remake de one day at a time mostrava uma garota se descobrindo lésbica e tendo apoio da família.
e mesmo os temas centrais foram mudando. as séries com famílias nucleares dominavam nos primórdios, como the cosby show e married with children; nos anos 90 o hit eram as famílias formadas por bandos de amigos, como friends e seinfeld; e é nítido que o sucesso de the office deu início a um boom de séries em ambientes de trabalho como parks and recreation, brooklyn 99, superstore etc. mas o formato família sempre resistiu, e hoje apresenta novos modelos, além da tradicional (se bem que tradicional, tradicional mesmo nem a família dinossauro era, né?).
e eu tava aqui pensando em como as séries familiares são as que me trazem mais conforto e reconhecimento, mesmo eu não sendo próximo da minha família o tempo todo. e aí eu tive uma idéia: e se meus personagens preferidos de cada série fizessem parte da mesma sitcom? então, decidi que vale tudo: série nova com antiga, brasileira com gringa e gente de verdade com desenho. porque é assim que as famílias são (ou deveria ser), não? gente que nem sempre se entende, mas se defende e se ama. vem comigo montar uma família muito unida, mas também muito ouriçada.
pra começar a mãe tem que ser a rochelle (tichina arnolds), de todo mundo odeia o chris. na vida real a gente ama a educação positiva, sem pancada e sem gritos, mas na ficção, a senhora que não é obrigada a nada porque o marido tem dois empregos é a mãe que quase todo mundo teve em casa. como esquecer tiradas ótimas como “eu te dou um tapa tão forte que você vai cair em outra família”.
para o pai eu escolhi phil dunphy (ty burrel), de modern family porque eu tenho daddy issues e o personagem é tão bobão e lindo e mesmo sendo uma porta, tenta dar a melhor educação para os filhos que acaba pecando por excesso de carinho. e a química com a rochelle ia ser muito boa, ela ainda mais impaciente e ele ainda mais pamonha.
acho que três filhos é um número muito bom pra um casal de classe média. o mais velho seria o carlton (alfonso ribero), de um maluco no pedaço, com seu jeito esnobre e looks babadeiros (sério, ele é um ícone fashion incompreendido). seu pai continuaria sendo um phil, só que este é mais compreensivo e afetuoso. vivendo nos anos 2020, o querido poderia ser mais tranquilo com sua sexualidade (sim, o carlton é totalmente do vale, só não era assumido, né?).
a filha do meio é a minha adorada sue sue heck (eden sher), de the middle. uma perdedora, mas com um espírito inquebrantável, um raio de sol em forma de adolescente. e o filho caçula não seria ninguém menos que baby sauro, o neném mais encapetado das séries de tv. só que com uma mãe como a rochelle não garanto que ele fosse gritar “não é a mamãe!” o tempo todo.
e uma família não é completa sem os avós. aqui acho que um bom casal seria a abuelita lídia (rita moreno), de one day at a time com o vovô orlando (gianfrancesco guarnieri), de mundo da lua. a velhinha assanhada e dançarina ia ser um par perfeito para o rabugento avô do lucas silva e silva. fui longe buscar essa referência, né? eu disse que valia tudo.
e se o tio jesse, (john stamos, nosso crush oitenteiro) de três é demais entrar para a família como irmão do phill? sim, queremos tios gatos e estilosos. e as tias maternas, podem ser a patty e a selma, de os simpsons. namoradeiras, fumantes e mal humoradas, são as tias que todo mundo quer ser quando crescer. e a patty ainda é lésbica, o que aumenta mais a representatividade queer. mas tá faltando mais tempero brasileiro, não? pois imagina o agostinho carrara (pedro cardoso), da grande família como o cunhado encostado da rochelle? iam ser épicos os embates.
tá faltando agregados? pois não faltam mais. acho que esta família precisa de uma diarista para dar uma mão de vez em quando e eu não vejo ninguém mais engraçado para a função que a bozena (alessandra maestrini), de toma lá dá cá. eu paro qualquer coisa que esteja fazendo para escutar um causo que começe com “lá em pato branco…” e se precisarem de uma babá, podemos recorrer aos serviços de the nanny (fran drescher) em pessoa. só não pode se engraçar com o patrão, milady.
e como nenhuma família está isolada do resto do mundo, a nossa tem uma vizinhança é bem agitada: de um lado, os briguentos fred (william frawley) e ethel (vivian vance), de I love lucy, que podem até tumultuar, mas são amigos muito leais. do outro lado, barney e vilma rubble, de os flinstones, que têm fama de serem os melhores vizinhos da (pré) história.
e para deixar este lar completo, precisamos de pets. aí existe a opção felina, com o salém, de sabrina, aprendiz de feiticeira, ácido e mordaz com seus comentários. e como doguinho ficamos com brian griffin, que tem experiência com uma família da pesada e não vai estranhar esta daqui.
um recadão do coracinho
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júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor dos livros a torto e a direito e cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponíveis em e-book na amazon.
Junior, a Karen de W&G pode aparecer de vez em quando como uma amiga perdida do Carlton?
Só faltou alguém do Sai de Baixo nessa família. Já pensou se a Casaandra ou a Magda entrassem para a família? Muito bom esse texto, amei.