as coisas que eu gosto
#100: cheiro de chuva, céus alaranjados e mais uma centena de coisas que melhoram qualquer dia ruim.
olá vocês!
o primeiro dia de um mês; a primeira vez usando uma roupa nova; o primeiro parágrafo de um livro; ver forrest gump todo ano no dia primeiro de janeiro; andar de bicicleta; acertar no presente para alguém querido; café da manhã de hotel; acordar cedo num domingo e voltar a dormir; ficar em silêncio na beira do mar; o momento em que o avião desprega do chão e alça vôo. cheiro de chuva.
sentar à sombra de uma árvore em um dia bem quente; rever uma série depois de muito tempo e perceber que no primeiro capítulo já tinham pistas de como a história iria se desenrolar; o cheiro de um livro novo; ter um livro novo para ler; ler a última frase do livro, voltar para a leitura e ir decifrando como a história vai chegar até lá; páginas bem diagramadas.
a leseira que dá no corpo depois de um dia de piscina; manhã de feriado; almanacão de férias da turma da mônica; desenhos antigos como ducktales e doug; filmes da sessão da tarde nos anos 90. a crônica o amor acaba do paulo mendes campos; o livro o deus das pequenas coisas da arundathi roy; a peça esperando godot, do samuel becket; o episódio de friends em que eles trocam de apartamento; a novela vale tudo; cada episódio novo do podcast radio novelo apresenta.
conseguir virar uma panqueca perfeitamente; cortar uma cebola em pedaços minúsculos com uma faca bem afiada; o som de uma cebola fritando na manteiga e no azeite; o cheiro de uma cebola fritando na manteiga e no azeite; alguém repetindo uma comida que eu fiz; vinho branco gelado; drinks doces e coloridos; suco de maracujá; vitamina de abacate; pipoca doce e salgada misturadas; pastel de feira; bolo de banana; pão na chapa e leite frio com nescau. pamonha.
a primavera em buenos aires; o jardim do museu de arte espanhol; quando o dia está meio frio, mas de repente um raio de sol me alcança e me aquece por alguns minutos entre uma sombra e outra; coisas em miniatura; a combinação de verde menta com azul marinho; viver dentro de um moletom o inverno inteiro; bolsa de água quente; soprar um dente-de-leão.
cinema de rua; a sensação de voltar aos poucos de um sonho quando saio do cinema direto para a rua; assistir um filme sem saber absolutamente nada sobre ele e me surpreender; organizar a playlist perfeita mesclando coisas como deize tigrona e ella fitzgerald e tudo fazer sentido; dançar de qualquer maneira, apenas deixando meu corpo se levar ao som de uma música; quando no fim da tarde o céu fica cor-de-abóbora.
livros com títulos longos como eu receberia as piores notícias dos seus lindos lábios; fernanda torres no filme terra estrangeira; a cena do monólogo de agrado em tudo sobre minha mãe; o sinal no teatro antes de uma peça, quando o silêncio vai se assentando até que tudo entra em suspensão e a gente sabe que a qualquer momento a história vai começar; os livros de português da escola, cheios de crônicas, poesias e trechos de romances.
bebês; bebês gêmeos em carrinhos duplos para bebês gêmeos; bebês de óculos; bebês gêmeos de óculos em seus carrinhos duplos para bebês gêmeos; caixas de lápis de cor com mais de 40 cores; quando um texto vai tomando forma e eu vejo que ele é exatamente o que eu queria dizer; finalmente descobrir de que música é o trecho que vem martelando na minha cabeça há semanas.
piadas internas, piadas ruins e trocadilhos bestas; tomar banho de banheira no escuro; lambuzar a mão com cola, esperar secar e tentar tirar a camada de cola seca inteira; conseguir tirar essa camada inteira; o frio na barriga que antecede cada tatuagem nova e a alegria de voltar pra casa com um rabisco novo no corpo; encontrar um ossinho da sorte e apostar com alguém.
comprar itens de papelaria; caminhar vagarosamente por uma feira de artesanatos, admirando cada peça; escutar meu pai contar causos de sua infância; ver minha mãe cozinhando qualquer coisa enquanto conta causos de sua infância; encontrar meus irmãos e lembrar o tanto que a gente aprontava quando era moleque; ouvir meus sobrinhos me pedindo a bênção.
moda de viola; sotaques; o canto de um bem-te-vi; pracinhas de cidades antigas; casais de velhinhos andando de mãos dadas; a sensação de quando a gente se dá conta de que está gostando de alguém pra valer; beijar de olho aberto; aprender a etimologia das palavras; o som da palavra “juntinho”; ter uma crise de risos daquelas que você até respira fundo depois e fala “ai, ai”… e começar a rir de novo.
parque de diversões; duetos meio bêbados no karaokê; descobrir palavras e expressões novas em espanhol; o dia do meu aniversário; roda de samba; estralar todo e qualquer osso do corpo que eu consiga, desde as juntas dos dedos até a coluna inteira; percorrer lojas de tecidos e namorar estampas e texturas; ver fotos de quando eram crianças das pessoas que eu conheci adultas; ver os filhos dos meus amigos crescerem.
ver fotos e vídeos do meu casamento; ter um marido; o sorriso do meu marido ao acordar.
these are a few of my favorite things
mudando de assunto
se você está lendo esta news no e-mail com certeza deve ter reparado que o banner lá em cima mudou e está mais bonito. sim a nova era deste canal de entretenimento veio aí! a nova identidade visual da página é obra da ilustradora, designer e minha amiga pessoal tati tabak. tudo que ela toca fica lindo, harmônico, colorido. a papelaria do meu casamento foi ela que fez e eu me emociono com o convite e os pôsteres que ela fez para as lembrancinhas. sigam a página de artes dela: tatisleynne.
júnior bueno é jornalista e vive em buenos aires. é autor dos livros a torto e a direito e cinco ou seis coisinhas que aprendi sendo trouxa, disponíveis em e-book na amazon.
Socorro, que xodó de texto! Quero voltar e reler várias vezes quando estiver triste e lembrar que a vida pode ser boa. Obrigado ❤️
as coisas que eu gosto: ler teus textos toda a semana. Me identifiquei quase de cabo a rabo. só não tenho um marido agora hahahaha. muito muito bom. obrigada por isso